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Tipo: Dissertação
Título: Afroturismo e paisagem: a caminhada Juiz de Fora negra
Autor(es): Maurício, Vitória Camillo da Silva
Primeiro Orientador: Malta, Guilherme Augusto Pereira
Co-orientador: Braga, Humberto Fois
Membro da banca: Fonseca, Helena Rizzatti
Membro da banca: Guimarães, Geny Ferreira
Membro da banca: Oliveira, Natália Araújo de
Resumo: A partir da Caminhada Juiz de Fora Negra (CJFN), walking tour realizado no centro da cidade de Juiz de Fora (MG), este trabalho investiga como o afroturismo se realiza como uma maneira de ler e interpretar a paisagem. A pesquisa mobiliza debates em torno da Paisagem, categoria de análise do espaço proposta pela geografia, no campo da Geografia Cultural. Entende-se a paisagem como uma construção simbólica e socialmente mediada, a fim de compreender como a CJFN, enquanto uma experiência turística, pode tensionar narrativas dominantes e instaurar outras maneiras de se entender o espaço urbano e, consequentemente, a paisagem. Ao adotar uma perspectiva afrocentrada, entende-se que a paisagem não é um pano de fundo que compõe o espaço; ela é um campo de disputa de narrativas, memórias e significados. Muitos desses significados foram silenciados pelas lógicas coloniais e eurocentradas que imperaram e ainda se reproduzem no Brasil. O afroturismo, porém, faz frente a isso. A metodologia usada combina a observação participante em duas edições da CJFN, ao longo de 2025, com entrevistas semiestruturadas realizadas com os três criadores da iniciativa, e a aplicação de questionários online a vinte e cinco visitantes que participaram do passeio. A CJFN é vista como, além de um produto turístico, uma prática política e afirmativa das presenças negras, que convoca seus participantes a enxergar partes de Juiz de Fora a partir de uma lente afrocentrada. A análise qualitativa dos dados permitiu compreender como as práticas discursivas usadas durante a caminhada apresentam e promovem as afroinscrições, produzem efeitos na percepção dos sujeitos sobre a paisagem e reconfiguram significados atribuídos aos lugares percorridos. A maior parte dos que responderam ao questionário concorda que a caminhada mudou, de alguma forma, a sua percepção sobre a paisagem juizforana. As entrevistas indicaram que a CJFN tem efeitos subjetivos que recaem sobre visitantes e guias; a sua consciência política é afetada e vínculos com a paisagem são reforçados. Esses resultados corroboram a construção de um conjunto epistemológico que serve às pessoas negras. A iniciativa evidencia e contribui para que o turismo possa ser um campo fértil para o fortalecimento de identidades negras coletivas. Ao mesmo tempo, ele ajuda a revelar camadas da paisagem compostas por heranças invisibilizadas. Dessa forma, este trabalho reafirma o afroturismo como uma forma de reexistência, capaz de reinscrever presenças, memórias e imaginários negros.
Abstract: This dissertation investigates how afroturismo (Afrotourism) functions as a possibility of reading and interpreting the landscape, through the case of the Caminhada Juiz de Fora Negra (CJFN), a walking tour conducted in the downtown area of Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil. The research draws on discussions within Cultural Geography, particularly the concept of Landscape as an analytical category for understanding space. Here, landscape is approached as a symbolic and socially mediated construction, enabling an analysis of how the CJFN, as a touristic experience, can challenge dominant narratives and offer an alternative manner of understanding urban space and, consequently, the landscape itself. From an Afrocentric perspective, landscape is not seen as a neutral backdrop, but rather as a contested field of narratives, memories, and meanings—many of which have been silenced by colonial and Eurocentric logics that have long shaped and continue to influence Brazil. Afrotourism, however, acts in resistance to this silencing. The methodology combines participant observation in two editions of the CJFN (throughout 2025), semi-structured interviews with the three creators of the initiative, and online questionnaires answered by twenty-five participants of the tour. The CJFN is understood not only as a touristic product, but also as a political and affirmative practice of Black presence—an invitation for participants to see Juiz de Fora through an Afrocentric lens. Qualitative analysis of the data shows that the discursive practices adopted during the tour, presents and promotes afroinscrições (Black inscriptions), influencing participants’ perceptions of the landscape and resignifying the meanings attributed to the visited places. Most survey respondents agreed that the walk altered their perception of Juiz de Fora’s landscape in some way. The interviews indicate that the CJFN produces subjective impacts on both visitors and guides: political awarenessis heightened, and emotional and symbolic bonds with the landscape are reinforced. These findings support the construction of an epistemological framework that serves Black communities. The initiative demonstrates that tourism can be a fertile ground forstrengthening collective Black identities while revealing layers of the landscape composed of silenced or invisible heritages. Thus, this work reaffirms Afrotourism as a form of re-existence — a way of reinscribing Black presences, memories, and imaginaries into the landscape.
Palavras-chave: Paisagem
Afroturismo
Caminhada Juiz de Fora negra
Afroinscrições
Landscape
Afrotourism
Black inscriptions
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::GEOGRAFIA
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Sigla da Instituição: UFJF
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
Programa: Programa de Pós-graduação em Geografia
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
Licenças Creative Commons: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
URI: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/19018
Data do documento: 21-Mai-2025
Aparece nas coleções:Mestrado em Geografia (Dissertações)



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