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Type: Tese
Title: Os “diários” ou cadernos in-quarto de Franz Kafka: rascunhos de um mundo em ruínas
Author: Oliveira, Laís Maria de
First Advisor: Pires, André Monteiro Guimarães Dias
Co-Advisor: Izabel, Tomaz Amorim Fernandes
Referee Member: Durão, Fabio Akcelrud
Referee Member: Faria, Renato Oliveira de
Referee Member: Lugão, Juliana Serôa da Motta
Referee Member: Almeida, Jorge Mattos Brito de
Resumo: Este ensaio/tese busca refletir como os cadernos in-quarto, conhecidos como diários, do escritor Franz Kafka, se configuram como parte de seu conjunto estético, ou seja, enquanto literatura. Ao comparar esses cadernos com outras narrativas do autor, encontrei muitos e diferentes procedimentos de escrita, tanto no que diz respeito à forma quanto ao conteúdo, que se repetem e dialogam. A escrita de Kafka parece borrar ou rascunhar, procedimento que lhe era caro, as fronteiras entre observação e vislumbre, descrição e invenção, experiência e criação, vida e literatura. Essa literatura, ao desafiar o status quo, desvelando a ruína de um mundo, arruína também a tradição literário-textual, ao colocar em xeque gêneros, características, classificações e categorias de textos literários. Assim, percebendo quantas ruínas a escrita kafkiana permite ver, sociais, e portanto familiares, pessoais, literárias, me ative principalmente naquilo que a escrita dos cadernos in-quarto mais repetia: trabalho, mulheres, a discussão das línguas e literaturas menores, patriarcado, família, judaísmo, a literatura de outros escritores, doença, a relação com a escrita e a impotência do sujeito diante do mundo. Kafka manipula esses temas por diversos fragmentos nos cadernos e também em suas outras obras, percebendo que algo que lhe ocorre cotidianamente não é algo extraordinário ou meramente particular, mas resultado de uma gama de situações que estão amarradas por uma mesma totalidade. Kafka escreve contra a escrita, desfazendo hierarquias e sistemas, ao escrever textos que não se encaixam em termos, manipulando uma linguagem que é ao mesmo tempo, prosa e poesia, relatório e ensaio, enfim, literatura qualquer que seja a forma. A escrita é posta em xeque porque o escritor conserva rascunhos e, apesar de arrancar páginas, na maior parte das vezes as mantém, mesmo que tenha riscado quase tudo o que lá estava. É como se manter o rascunho e escrever como rascunho deixassem mais possibilidades de escrita, assim como há tantas possibilidades de interpretar Kafka. Como se ele fosse reticente em colocar o ponto final, com toda a sua ditadura. Talvez seja por isso também a dificuldade em terminar narrativas. A falta do fim abre espaço para vários fins possíveis, que ficam então a cargo dos leitores, a quem Kafka parece dar tanta importância.
Abstract: This essay/thesis seeks to reflect on how Franz Kafka's in-quarto notebooks, known as diaries, are configured as part of his aesthetic whole, in other words, as literature. When I compared these notebooks with other narratives by the author, I found many different writing procedures, both in terms of form and content, which are repeated and dialogued. Kafka's writing seems to blur the boundaries between observation and glimpse, description and invention, experience and creation, life and literature. By challenging the status quo and revealing the ruin of a world, this literature also ruins the literary-textual tradition by calling into question genres, characteristics, classifications and categories of literary texts. So, realizing how many ruins Kafka's writing allows us to see, social, and therefore familial, personal, literary, I focused mainly on what the writing in the in-quarto notebooks repeated the most: work, women, the discussion of minor languages and literatures, patriarchy, family, Judaism, the literature of other writers, illness, the relationship with writing and the impotence of the subject in the face of the world. Kafka manipulates these themes through various fragments in his notebooks and also in his other works, realizing that something that happens to him on a daily basis is not something extraordinary or merely particular, but the result of a range of situations that are tied together by the same totality. Kafka writes against writing, undoing hierarchies and systems by writing texts that don't fit into terms, manipulating a language that is both prose and poetry, report and essay, in short, literature in any form. Writing is called into question because the writer keeps drafts and, despite tearing out pages, most of the time he keeps them, even if he has crossed out almost everything that was there. It's as if keeping the draft and writing as a draft left more possibilities for writing, just as there are so many possibilities for interpreting Kafka. As if he was reluctant to put the end point, with all his dictatorship. Perhaps that's also why it's so difficult to finish narratives. The lack of an ending leaves room for several possible endings, which are then left up to the readers, to whom Kafka seems to attach so much importance.
Keywords: Franz Kafka
Cadernos in-quarto
Diários
Literatura
Rascunho
In-quarto notebooks
Diaries
Literature
Draft
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS
Language: por
Country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Institution Initials: UFJF
Department: Faculdade de Letras
Program: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Access Type: Acesso Aberto
Attribution-NoDerivs 3.0 Brazil
Creative Commons License: http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/
URI: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/18002
Issue Date: 29-Nov-2024
Appears in Collections:Doutorado em Letras - Estudos Literários (Teses)



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