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Tipo: Dissertação
Título: Andanças e territorialidades: As contradições da questão da moradia na comunidade da Mata dos Crioulos
Autor(es): Cerqueira, Maria Clara Salim
Primeiro Orientador: Carneiro, Leonardo de Oliveira
Co-orientador: Fávero, Claudenir
Membro da banca: Batella, Wagner Barbosa
Membro da banca: Correa, Gabriel Siqueira
Resumo: As comunidades tradicionais no Brasil, desde sua formação até seu reconhecimento pela sociedade e pelo Estado, passam por variados conflitos de negação de direitos e de autonomia. Trataremos neste trabalho da questão da moradia da comunidade da Mata dos Crioulos, localizada na porção meridional da Serra do Espinhaço no município de Diamantina, Minas Gerais, que se auto reconhece como quilombola e como apanhadores de flores sempre-vivas. Em meio aos intensos conflitos territoriais nos quais está inserida a comunidade, seus controversos modos de morar se relacionam intimamente com seus modos de vida e com a atividade da “apanha” de flores, que é fundamental em sua identidade coletiva. A implantação de Unidades de Conservação de uso restrito que se sobrepõe ao território da comunidade trouxe mudanças significativas para os modos de vida das famílias. A transumância é característica dos seus modos de vida: na época da “apanha” de flores, moram nas lapas, e na época de cuidar das roças, moram nas casas construídas com técnicas tradicionais em barro cru. A área das lapas e campos de flores foram tomados por uma Unidade de Conservação, o que confirma o não reconhecimento do Estado de seus modos de vida, ao negar que essas famílias poderiam ocupar essa porção do território. Não bastando essa invisibilização das lapas como formas legítimas de moradia, as casas de barro cru também são consideravelmente desvalorizadas perante o Estado e a sociedade de modo geral. A partir de um trabalho de campo estruturado na observação participante e apresentado em forma de relato etnográfico, esta pesquisa tece algumas reflexões a respeito do porquê esses modos de morar não são considerados legítimos pela sociedade ocidental urbana e pelos agentes do Estado. A partir da compreensão da ideologia como forma de consciência social específica e de uma investigação acerca da relação sociedade/natureza, compreendemos que a desvalorização das lapas e das casas de barro que articulam a territorialidade dos apanhadores de flores estão diretamente ligadas às concepções de natureza externa e universal, à depreciação das técnicas construtivas tradicionais e à sua lógica que não segue os princípios da propriedade privada. Conclui-se dessa forma que as moradias que cumprem sua função de abrigo, independentemente das relações de produção e reprodução do capital são autênticas por cumprirem sua função de territorialidade da comunidade.
Abstract: Numerous conflicts permeate the context of tradicional communities in Brazil, from their formation to their recognition by society and the State. Their rights and autonomy are often denied. In this research, we will deal with the housing issue in the Mata dos Crioulos community, located in the southern portion of Serra do Espinhaço in the municipality of Diamantina in Minas Gerais: they recognize themselfs as quilombolas and as “apanhadores de flores sempre-vivas”, or evergreen flower catchers. Amid the intense territorial conflicts in which the community is inserted, their dwelling are intimately related to their ways of life and to their tradicional activity, which is an important part of their collective identity. The implementation of restricted-use Conservation Units that overlaps the community territory has brought significant changes to the livelihoods of families. Transhumance was characteristic of their ways of living: in the time of flower catching, they lived in lapas, and in the time of farming, they lived in houses built with traditional techniques in raw clay. The lapa area and flowers fields were taken by a Conservation Unit, which confirms the State's non-recognition of their ways of life, by denying that these families could occupy that part of the territory. Notwithstanding the invisibility of these lapas as legitimate forms of housing, the houses of raw clay are also considerably devalued towards the state and society in general. Based on a fieldwork structured in participant observation and ethnographic reporting, this research pursuit some reflections on why these ways of living are not considered legitimate by urban western society and the State and its agents. From the understanding of ideology as a specific form of social consciousness and an deepening into the society and nature relation, we understand that the devaluation of the lapas and clay houses that articulate the evergreen flowers catchers territoriality are directly linked to the conceptions of external and universal nature, the depreciation of traditional constructive techniques and to its logic that does not follow the principles of private property. It is thus concluded that any housing that fulfills its function of shelter, independently of the relations of production and reproduction of capital, are authentic, for they fulfill their function in the community’s territoriality.
Palavras-chave: Ideologia
Natureza
Conflito
Moradia
Estado
Ideology
Nature
Conflict
Dwelling
State
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::GEOGRAFIA
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Sigla da Instituição: UFJF
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
Programa: Programa de Pós-graduação em Geografia
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
Licenças Creative Commons: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
URI: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11887
Data do documento: 14-Fev-2019
Aparece nas coleções:Mestrado em Geografia (Dissertações)



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