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Clase: Dissertação
Título : O cinema testemunhal de Lúcia Murat
Autor(es): Campos, Raquel Valadares de
Orientador: Muanis, Felipe de Castro
Miembros Examinadores: Melo, Luís Alberto Rocha
Miembros Examinadores: Figueiredo, Vera Lúcia Follain de
Resumo: Há evidências de que tanto para a filosofia da narração, dentro do campo da teoria literária, quanto para os estudos de cinema, em especial para a vertente do cinema documentário, a encenação de si, fomentada pelo relato de si mesmo do autor, apresenta uma retórica persuasiva, dotada de estrutura dialogal e dimensão fiduciária, que nos permite refletir sobre a potência e a performatividade do testemunho, sobretudo o testemunho superstes, dos sobreviventes. Objetiva-se, a partir de uma abordagem fenomenológica, analisar os elementos textuais de três dos filmes da cineasta Lúcia Murat e os discursos secundários e terciários das obras em comparação com sua biografia, a fim de compreender a tessitura e a retórica específicas da narrativa cinematográfica de um cinema autorreferente, que versa sobre a experiência de vida da realizadora, ex-guerrilheira, presa política e vítima de tortura na Ditadura Civil-Militar Brasileira de 1964-1985. Além disso, aspira-se debater de que maneira o modo performático (NICHOLS, 2005) aplicável, em princípio, a somente documentários, poderia ser empregado nos filmes de ficção evocativos de sua autora, ou seja, nos filmes em que se nota a autorrepresentação da cineasta. A hipótese central desta pesquisa é de que Lúcia Murat, ao relatar a si mesma no documentário autobiográfico em primeira pessoa Uma Longa Viagem (2012), e ao construir uma personagem alter ego interpretada por Irene Ravache tanto no documentário Que Bom Te Ver Viva (1989), quanto na ficção A Memória Que Me Contam (2013), permite ao espectador que identifique nos filmes, por meio da leitura documentarizante, o referente real e factográfico de sua história de vida e de seu self, e, sobretudo, que tome os filmes como testemunho da cineasta. Isto, por sua vez, possibilita, no espaço da recepção, transferir para o espectador a acreditação da história transmitida por meio de seu testemunho singular – não qualquer história, “uma história dos vencidos” (BENJAMIN, 1987), escrita a partir da perspectiva única de vítima e de sobrevivente de experiências traumáticas e de acontecimentos catastróficos. Destarte, este trabalho tem por objetivo último, formular as bases de um cinema testemunhal, que Lúcia Murat faz, de filmes que inscrevem as por vezes invisíveis marcas da violência e elaboram sobre o indizível, intransmissível e irrepresentável trauma.
Resumen : There is evidence that both for the philosophy of narration, within the field of literary theory, and for the studies of cinema, especially for the documentary aspect, the selfenactment, fostered by the author's personal account, presents a persuasive rhetoric endowed with dialogical structure and fiduciary dimension, which allows us to reflect on the power and performativity of the testimony, especially the testimony of survivors. This research aims, from a phenomenological approach, to analyze textual elements of three films by filmmaker Lúcia Murat as well as the secondary and tertiary discourses of these filmic works in comparison to the director's biography, in order to understand the specific tessitura and rhetorics of a self-referential narrative, which deals with the life experience of the director – former guerrilla member, political prisoner and victim of torture in the Brazilian 1964-1985 Civil-Military Dictatorship. Furthermore, the intention is to debate how the performative mode (NICHOLS, 2005) – which is applicable, in principle, only to documentary narratives – could be used in the director's evocative fiction films, that is, in the films in which the filmmaker's self-representation is perceivable. The central hypothesis of this research is that Lúcia Murat, by providing an account of herself through self-enacting in the first person autobiographical documentary A Long Journey (2012), and also by constructing an alter ego character played by Irene Ravache in both the documentary Que Bom Te Ver Viva (1989) ), as well as in the feature-film The Memory That Tells Me (2013), allows the viewer to identify in the films, through a documentarizing reading, the real and factual referent of the director's life story and the director's identity, besides, and most importantly, allowing viewers to perceive the films as a testimony of the filmmaker. That, in turn, in the field of reception, makes it possible to transfer to the viewer the belief of the story conveyed through the filmmaker's testimony – not any story but a "story of the vanquished" (BENJAMIN, 1987), written from the unique perspective of a victim and survivor of a traumatic life experience and of catastrophic events. Thus, this work aims to formulate the basis of a testimonial cinema, which Lúcia Murat accomplishes with films that bear the sometimes invisible marks of violence, as well as elaborate on the unspeakable, nontransferable and unrepresentable trauma.
Palabras clave : Lúcia Murat
Cinema brasileiro
Testemunho
Trauma
Performatividade
Lucia Murat
Brazilian cinema
Testimony
Trauma
Performativity
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::ARTES
Idioma: por
País: Brasil
Editorial : Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Sigla de la Instituición: UFJF
Departamento: IAD – Instituto de Artes e Design
Programa: Programa de Pós-graduação em Artes
Clase de Acesso: Acesso Aberto
Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazil
Licenças Creative Commons: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/
URI : https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11399
Fecha de publicación : 30-ago-2019
Aparece en las colecciones: Mestrado em Artes, Culturas e Linguagens (Dissertações)



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