1EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA E CIDADÃ - UM DESAFIO DE APRENDIZAGEM PARA A SALA DE AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA Emiliana Torteloti Freitas Neusa Salim Miranda 2Ficha catalográfica elaborada através do programa de geração automática da Biblioteca Universitária da UFJF, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) Freitas, Emiliana Torteloti. Educação linguística e cidadã - um desafio de aprendizagem para a sala de aula de Língua Portuguesa / Emiliana Torteloti Freitas. -- 2018. 144 f. : il. Orientadora: Neusa Salim Miranda Dissertação (mestrado profissional) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Letras. Programa de Pós-Graduação em Linguística, 2018. 1. Ambiente de aprendizagem para o ensino de Língua Portuguesa. 2. Protagonismo discente. 3. Autoria e autoridade docente. 4. Rede de cooperação. 5. Modelagem. I. Miranda, Neusa Salim, orient. II. Título. FICHA TÉCNICA Organizadores Denise Barros Weiss Elza de Sá Nogueira Érika Kelmer Mathias Lucilene Hotz Bronzato Marco Aurélio de Sousa Mendes Natália Sathler Sigiliano Neusa Salim Miranda Thais Fernandes Sampaio 3 APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO A necessidade de se repensar a educação, como forma de alteração positiva de realidades, cria também uma exigência de se estabelecerem caminhos que reinventem o processo de formação docente. Nesse contexto, o PROFLETRAS – Mestrado Profissional em Letras, erigido sob indução da CAPES – reúne hoje 49 (quarenta e nove) Instituições Associadas (IA) de todas as regiões do país e tem cumprido uma agenda pedagógica relevante nos processos de formação continuada de professores e, de maneira especial, na mudança de realidade da educação brasileira. Isso porque o programa tem o grande diferencial de ser voltado exclusivamente para professores de português que estão efetivamente atuando na rede pública de ensino e, além disso, tem como Trabalho de Conclusão Final (TCFs) uma proposta de natureza necessariamente interventiva. A Universidade Federal de Juiz de Fora (Faculdade de Letras em parceria com o Colégio de Aplicação João XXIII) se constitui como uma IA nesse Programa e, buscando enfrentar o desafio de uma escola contemporânea ao século XXI, propõe uma nova coleção de Cadernos Pedagógicos Digitais, por meio dos quais são apresentados os TCFs de sua terceira turma. Na coleção aqui apresentada, cada um dos doze Cadernos descreve o trabalho interventivo desenvolvido por um professor-pesquisador, sob orientação de um docente do Programa. Cada Caderno se faz acompanhar ainda de um documento com a fundamentação teórico-metodológica adotada e a análise da proposta desenvolvida. As propostas de intervenção apresentadas são múltiplas e envolvem diferentes aspectos dos processos de ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa. Seja focalizando os processos de letramento literário, as estratégias de ressignificação das práticas interacionais, a proposição de novas práticas para a leitura e escrita de gêneros, perpassando questões sobre análise linguística, ou mesmo a inserção de novas tecnologias digitais no ensino, todos os trabalhos procuram responder à meta do PROFLETRAS de se tornar um espaço para o desenvolvimento de pedagogias que efetivem a proficiência em letramentos dos alunos que cursam os nove anos do ensino fundamental. Ao inovar no formato do trabalho de conclusão dos mestres que está formando, o PROFLETRAS/UFJF sinaliza duas preocupações importantes. Primeiro, desejamos que o conhecimento aqui produzido circule do modo mais fácil e democrático possível. A ambição é que, através da ampla divulgação desses trabalhos de conclusão, provoquemos mudanças não apenas na prática pedagógica dos professores que formamos, mas que as ideias aqui plantadas possam gerar mudanças também no ensino de Língua Portuguesa realizado diariamente em inúmeras salas de aula de todo o país. Ademais, a criação de um Caderno Pedagógico Digital traz ainda a economia de milhares de folhas de papel – uma boa lição a ser repassada por professores-pesquisadores da escola fundamental. Portanto, da mesma forma como a elaboração destes trabalhos exigiu ressignificação das práticas de salas de aulas reais, esperamos que este caderno ofereça a você, leitor, novos olhares e novas perspectivas para o ensino de língua portuguesa. 4 APRESENTAÇÃO DO PROJETO Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar. Paulo Freire. O presente trabalho nasceu da decisão de repensar a minha trajetória de professora de Língua Portuguesa devido ao desejo de não me render ao fracasso e ao adoecimento diante de tantas adversidades, desinteresse, violência verbal e física, apatia e todos os outros problemas enfrentados em muitas salas de aula hoje, não apenas por mim, mas por outros professores. Isto posto, este estudo de caso, tendo como objetivo encontrar novas práticas pedagógicas para a sala de aula de Língua Portuguesa que visassem à construção de um ambiente propício à aprendizagem, vinculou-se a uma rede de pesquisa constituída pelo macroprojeto “Ensino de Língua Portuguesa, da formação docente à sala de aula – 2ª etapa” (MIRANDA, 2014, FAPEMIG - CHE APQ 02548/14). Em desenvolvimento no PROFLETRAS/UFJF e com quatro estudos já concluídos (BRASIL, 2015; ISHIKAWA, 2015; SOUZA, 2016; FRANKLIM, 2016), tal macroprojeto, metodologicamente definido pela Pesquisa-ação (MORIN, 2004), tem como objetivo a construção de um AMBIENTE DE APRENDIZAGEM na sala de aula de Língua Portuguesa, mediante o uso de novas tecnologias de ensino baseadas no propósito de uma educação linguística e cidadã. Assim, ouvidas as vozes discentes e docentes nessa rede de pesquisa, categorias interventivas vem-se definindo e passando a parametrizar as metas de reconfiguração das salas de aula dos pesquisadores-participantes do PROFLETRAS, sendo equacionadas em número de quatro (4) neste estudo: • O Protagonismo discente (COSTA E VIEIRA, 2006), como um fundamento de toda ação pedagógica voltada para a aprendizagem do aluno; • A Autoria docente, como uma estratégia de recuperação da Autoridade do professor e de constituição de seu processo de profissionalização (AQUINO, 1998, 1999; NÓVOA, 2007); • A Rede de Cooperação entre os discentes e entre os docentes (NÓVOA, 2007), fundamental para a construção de um ambiente de aprendizagem orientado por uma ética cidadã; • A Modelagem, que envolve, nos termos de Tomasello (2003) e Miranda (2006) a aprendizagem não só com o Outro, mas, mais substancialmente, através do Outro. Tomando tais categorias como eixo, minha ação interventiva definiu-se como não pontual, ou seja, pelo foco no processo de construção cotidiana da aprendizagem nas minhas aulas de Língua Portuguesa. A cada dia cabia-me, de modo autoral, buscar espaço para o protagonismo de meus alunos nas aulas de escrita, leitura, oralidade e reflexão linguística, suscitando a cooperação e propiciando modelos de práticas sociais de linguagem cidadãs. Neste viés, outra preocupação foi que este estudo mantivesse um diálogo crítico com o documento parametrizador do ensino de LP em meu Estado – CBC, Currículo Básico do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ, 2012) – e com o livro didático adotado. O projeto foi desenvolvido em uma turma de 8º ano do ensino fundamental II da rede municipal de ensino da Escola Municipal Álvaro Augusto da Fonseca Lontra, localizada no interior do Rio de Janeiro, na cidade de Miracema. Marcada por profundo reflexo da violência social que define suas vidas, a turma, inicialmente composta por 26 alunos, permaneceu apenas com 21 matriculados em um processo de evasão e perda que incluiu até a morte de um destes jovens. Nos termos expostos e sustentadas por uma concepção de linguagem como prática social, as ações estratégicas que fizeram parte de todo o processo interventivo em minha sala de aula estarão descritas neste Caderno Pedagógico e foram divididas em três (3) projetos: 5PROJETOS OBJETO DE APRENDIZAGEM CENTRAL PROJETO 1: Sarau Coração de Estudante: construindo um ambiente de aprendizagem com poesia e música Gêneros de oralidade e oralização: poesia, música, roda de conversa, sarau PROJETO 2: A língua e a ciência: desvendando textos expositivos Gêneros de escrita: artigo de divulgação científica e relatório PROJETO 3: Trabalhando valores e o gênero oral assembleia de classe Gênero oral: assembleia de classe; Gênero escrito: ata de assembleia de classe. Neste Caderno, os projetos propostos estarão detalhados em suas ações, trazendo também as reflexões dos alunos, as minhas reflexões e os indicadores de avanços e recuos. Registram-se também exemplos de produções de alunos, documentações em foto e vídeo, trechos dos diários de bordo dos alunos e da pesquisadora-participante. Este Caderno traz ainda, como anexo, um documento dissertativo que apresenta as bases teóricas, documentais e metodológicas desta pesquisa, assim como a análise dos resultados alcançados. Clique abaixo para baixar a dissertação Parafraseando a epígrafe eleita, encerro esta apresentação e convido os colegas professores leitores a percorrerem comigo o caminho que aprendi a fazer caminhando e que me ensinou um novo sonho e, em especial, o rumo de minha autonomia profissional. 6DINÂMICA 2: Produção do gênero “artigo de divulgação científi- ca” a partir da exploração de textos modelares - pág. 22 DINÂMICA 3: A experiência lúdica e tecnológica na divulgação científica - viagem ao Centro de Ciências/UFJF - pág. 26 DINÂMICA 4: Relatando a experiência científica no Centro de Ciências/UFJF - pág. 29 IV. PROJETO 3: Trabalhando valores e o gênero oral assembleia de classe. - pág. 31 DINÂMICA 1: trabalhando o auto e heteroconhecimento - pág. 32 DINÂMICA 2: implementação da assembleia - pág. 33 DINÂMICA 3: a assembleia - pág. 34 DINÂMICA 4: culminância - “A poesia de cada dia” - pág. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - pág. 39 I. DAS AÇÕES QUE PERPASSAM TODOS OS PROJETOS - pág. 07 II. PROJETO 1: Sarau Coração de Estudante: construindo um ambiente de aprendizagem com poesia e música. - pág. 07 DINÂMICA 1: A poesia na sala de aula - pág. 08 DINÂMICA 2: A música – Coração de Estudante – na sala de aula para tratar da violência sem falar de violência na sala de aula - pág. 10 DINÂMICA 3: O sarau Coração de Estudante – União da poesia com a música - pág. 14 III. PROJETO 2: A língua e a ciência: desvendando textos exposi- tivos. - pág. 17 DINÂMICA 1: Aprimorando as estratégias leitoras do gênero “artigo de divulgação científica” - pág. 18 SUMÁRIO 7 I. DAS AÇÕES QUE PERPASSAM TODOS OS PROJETOS Conforme anunciado à Apresentação, esta pesquisa tem como eixo de ação a construção de um AMBIENTE DE APRENDIZAGEM em sala de aula de Língua Portuguesa. Em função desta meta, quatro categorias – PROTAGONISMO DISCENTE, AUTORIA DOCENTE, REDE DE Cooperação E MODELAGEM - nortearam todas as dinâmicas propostas em cada um dos três projetos interventivos aqui apresentados. Em função deste fundamento central, buscou-se, de igual modo, explorar alguns padrões de ações ou estratégias que, de modo reiterado, perpassaram as atividades propostas buscando construir um ambiente de trocas efetivas para a aprendizagem de práticas linguísticas cidadãs. Dentre as estratégias eleitas conferimos relevo a: • Trabalhos em grupos (duplas, trios, grupos maiores); • Rodas de conversa; • Ação de alunos monitores em grupos, rodas de conversa, planejamento e avaliação de ações; • Estabelecimento de pactos consensuais de convivência em diferentes contextos; • Declamação de poesias; • Avaliação contínua do processo de aprendizagem e de condutas; • Manutenção de diários de bordo discente e docente; • Participação em eventos públicos (sarau, palestra, visita a museu). Na construção deste caminho, teve também papel importante a revitalização do Ambiente físico (FONTES, 2012), promovida de forma distinta em cada dinâmica, de modo a favorecer a troca de conhecimentos e a criar um ambiente atrativo para novas práticas de aprendizagem. Assim promoveu- se: (a) a revitalização dos murais da sala de aula com a inserção de elementos visuais (cartazes, gravuras), resultados das produções dos alunos, poesias, pactos consensuais de convivência; (b) a mudança na disposição das carteiras: grande círculo, semicírculo, duplas, trios e grupos maiores e (c) uso de outros espaços da própria escola (outras salas de aula) e de fora dela (visita ao Centro de ciências/UFJF). II. PROJETO 1: SARAU CORAÇÃO DE ESTUDANTE: CONSTRUINDO UM AMBIENTE DE APRENDIZAGEM COM POESIA E MÚSICA Justificativa: A escolha para o desenvolvimento desta ação interventiva em uma turma profundamente marcada pelo desinteresse e por frequentes cenas de violência, físicas ou verbais, logo me trouxe a dimensão exata do desafio. A primeira proposta pensada neste projeto interventivo seria começar pelos gêneros textuais sugeridos pelo CBC/RJ (Artigo de divulgação científica, relatório, fichamento e resumo). Contudo, a explosão de graves episódios de hostilidade e violência em sala de aula conduziram-me a outro rumo, desenhando uma necessidade urgente de construção de um Ambiente de Aprendizagem, sem o que seria verdadeiramente impossível ir em frente com a meta de promoção de um letramento cidadão. Decidi, assim, pela poesia como uma estratégia de sensibilização, de estímulo aos sentidos, à capacidade crítica, ao imaginário e à liberdade de expressão. A expectativa era de que a fruição estética, o prazer do texto propiciariam condições mais favoráveis para o enfrentamento daquele ambiente hostil e para a criação paulatina de uma Rede de Cooperação erguida sobre os pilares de ações protagonistas. Em termos das dinâmicas propostas neste projeto, busquei, como mediadora das experiências com a leitura literária, abordar a poesia em sala de aula de maneira sensibilizadora, lúdica, dialógica e provocadora. 8Objetivos: Levar os alunos a: • Refletirem sobre as práticas interacionais vigentes em sala de aula; • Construírem um ambiente propício à aprendizagem, pautado pela cooperação e respeito; • Expressarem-se adequadamente de acordo com cada situação interacional; • Desenvolverem práticas de oralidade letradas em sala de aula; • Ampliarem seu repertório literário. Com o propósito definido, o PROJETO 1 organizou-se em três etapas: • DINÂMICA 1: A poesia na sala de aula; • DINÂMICA 2: A música Coração de Estudante - para tratar da violência sem falar de violência na sala de aula; • DINÂMICA 3: O sarau Coração de Estudante – união da poesia e da música. E o que parecia impossível, aconteceu – a nossa sala de aula tomou-se de poemas e de música e abriu-se uma janela de esperança. Ao contrário das poucas expectativas de minha calejada esperança, a mudança no ambiente humano começou a se delinear e a roda pôde, ainda que lentamente, começar seu giro. DINÂMICA 1: A poesia na sala de aula Justificando: As ações propostas nesta Dinâmica 1 visam à exploração do VELHO, isto é, daquilo que o aluno reconhece como poesia em suas práticas de letramento (MIRANDA, 2006; cf seção 2.2.2, documento dissertativo). Daí as ações visarem as escolhas próprias do aluno. A proposta, nos termos de Miranda (2006) é uma ação pedagógica que parta da exploração do Velho para ancorar o Novo, o desconhecido. (A dinâmica 2 visa mais pontualmente o Novo, a ampliação de repertório). Ações: 1. Solicitação de que cada aluno levasse para a aula seguinte cópias manuscritas das poesias de que eles mais gostavam; 2. Organização de Roda de Conversa: preparação para a leitura de poesias • Escolha de três (3) monitores para acompanhamento da tarefa e elaboração de relatório avaliativo; • Disposição da sala em semicírculo; • Roda de Conversa orientada pelas questões seguintes: » O comportamento adequado durante a escuta dos colegas; » O que é importante na hora da leitura de uma poesia; » A experiência dos alunos com declamações de poesias. 3. Leitura de poesias • Com a turma disposta em semicírculo, apresentação individual das poesias; • Justificativa de escolha da poesia; • Fixação das poesias lidas no mural; • Votação das melhores apresentações com justificativa para as escolhas; • Escolha das três (3) melhores poesias; • Votação para escolha do poeta preferido dentre os apresentados (Vinicius de Moraes foi eleito pela maioria da turma); 94. Trabalho em grupo: avaliação do Ambiente de Aprendizagem • Divisão da turma em três (3) grupos de sete (7) alunos para leitura dos 3 relatórios feitos pelos monitores; • Discussão nos grupos para avaliação dos relatórios dos monitores, considerando os pontos de concordância e divergência em relação às análises dos relatores; • Escolha de um representante para apresentação do relatório final; • Avaliação das ações e das condutas protagonistas e cooperativas da turma. 5. Apresentação das poesias para outras turmas; Os alunos pediram para apresentar as poesias em outras turmas, pois queriam a oportunidade de mostrar aos outros o quanto a poesia era “legal, sensacional” (palavras deles) e também porque alguns haviam decorado declamar essas poesias, diante deste pedido, organizei da seguinte forma as apresentações: • Formação de sete (7) grupos de três (3) alunos para apresentação em outras turmas das poesias escolhidas; • Leitura das poesias e ensaio para as apresentações; • Organização das apresentações; • Escolha das turmas em que se apresentariam; • Apresentação para as turmas escolhidas (8º anos do turno da tarde - turmas: 807, 808, 809 e 810); • Após as apresentações, de volta à sala, com a turma disposta em semicírculo, organizamos uma discussão para: (i) avaliarmos as condutas dos alunos (atenção, escuta, cooperação, respeito da plateia) das turmas nas quais se apresentaram; (ii) Avaliarmos a atividade. 6. Pesquisa sobre a vida e obra do poeta Vinicius de Moraes • Solicitação para formação de grupos de sete (7) participantes para elaboração de uma pesquisa sobre a vida e a obra do poeta Vinicius de Moraes; • Seleção e organização das informações coletadas; • Confecção de cartazes com o material selecionado; Clique nas imagens para ampliá-las e baixá-las 10 • Discussão nos grupos para escolha de uma obra do poeta para ser lida no final de cada aula; • Apontamento de cada grupo da escolha feita; • Escolha final da obra pela turma toda: Livro de Soneto, Vinicius de Moraes (1956); • Atividade coletiva com a turma disposta em semicírculo: Roda de conversa para: (i) avaliação das condutas protagonistas e cooperativas da turma; (ii) avaliação das atividades. DINÂMICA 2: A música – Coração de Estudante2 – para tratar da violência sem falar de violência na sala de aula Justificando: A escolha da poesia nesta etapa recaiu sobre o professor. Primeiro, havia o compromisso de trazer o Novo, de modo a ampliar o repertório dos alunos. Segundo, a escolha deveria responder a um momento crítico vivido pela turma mediante episódios de violência física e simbólica protagonizados por alguns alunos (cf diário docente 1). Tínhamos um grave problema – tratar da violência sem falar de violência – por isso optei por abordar de forma poética o tema para chegarmos às reflexões necessárias. Daí a escolha recaiu na música Coração de Estudante, expressão de um momento político brasileiro marcado pelo silenciamento, através da violência física e da censura à liberdade de expressão. 2 Canção composta por Milton Nascimento e Wagner Tiso no ano 1983. Ações: 1. Leitura de “Coração de estudante”: • Disposição da sala em um grande círculo; • Escolha de três (3) monitores para auxiliar no desenvolvimento das atividades (Perguntei quem gostaria de me auxiliar no desenvolvimento da atividade e avaliação das condutas, três (3) voluntários se prontificaram); • Distribuição de cópias da letra da música “Coração de Estudante” de autoria de Milton Nascimento (1942) com Wagner Tiso (1945); • Solicitação da leitura individual do texto impresso da canção; • Leitura em jogral, em vozes alternadas de meninas e meninos; 11 • Questões levantadas após leitura: » Vocês já conheciam esta letra? Conhecem o intérprete? Os autores? » Gostaram? O que acharam? Qual a parte de que mais gostaram? » Escolham um verso que tenham achado mais bonito. (Anotação no quadro para discutirmos) » Escrita no caderno sobre o significado dos versos mais escolhidos pela turma: Há que se cuidar da vida/ Há que se cuidar do mundo/Tomar conta da amizade » Discussão sobre os versos escolhidos. Comentários dos alunos sobre o significado dos versos 2. Audição da música “Coração de Estudante” • Manutenção da disposição da sala em um grande círculo; • Audição da música; • Explanação sobre a canção e fundamentalmente sobre o momento histórico em que ela foi concebida; • Leitura de trechos escolhidos por mim que falam sobre o ditadura militar; • Leitura realizada por 5 alunos dos trechos escolhidos; • Discussão sobre os trechos lidos; • Opinião dos alunos em relação aos trechos lidos; • Reflexão sobre a conduta da turma durante a leitura e a discussão; • Anotação no caderno sobre as conclusões construídas. 3. Apresentação do documentário “Palavra (En)Cantada” Proposição de questões antes de assistir ao documentário para levantamento de conhecimentos prévios (atividade coletiva com a turma disposta em semicírculo): » Você acha que música é poesia? » Qual a opinião a sua opinião a respeito disso? Argumente. » Quais são as músicas que você ouve? » Gosta de escutar coisas novas? Diferentes das que está acostumado? • Ainda antes de iniciar a exibição do documentário, formulação de proposta de avaliação da Clique nas imagens para ampliá-las e baixá-las 12 atividade e das condutas mediante relatório em folha própria sem identificação para posterior análise e reflexão (atividade individual com a turma disposta em semicírculo); • Apresentação do documentário Palavra (En)Cantada, disponível no Youtube no link https:// www.youtube.com/watch?v=gqoW5iDNAZw, que fala sobre a música ser ou não ser poesia; • Questionamentos levantados para discussão conduzida pela professora após a exibição do documentário (atividade coletiva com a turma disposta em semicírculo): » Vocês já haviam assistido a esse documentário? » Qual o tema abordado? » Depois de ver o documentário, o que aprenderam sobre a relação entre música e poesia? » A música pode ser considerada poesia? » E a poesia pode ser considerada música? Explique baseado no que vocês aprenderam. • Avaliação da atividade e das condutas a partir do relatório produzido antes da exibição do documentário (atividade individual com a turma disposta em semicírculo): » Retomada do relatório para leitura individual e silenciosa; » Reflexão sobre o que escreveram anteriormente para confirmação ou não das suposições feitas; » Escrita no próprio relatório das conclusões a que chegaram (os alunos foram orientados a iniciar a segunda parte da escrita do relatório sinalizando com o título: “etapa 2 – reflexão e conclusão”); » Escrita individual em um pedaço de papel de uma frase que sintetizasse a conclusão a que chegaram para socialização com a turma a partir da seguinte sugestão: “A atividade foi positiva porque”... ou “A atividade foi negativa porque...”; » Anotação, feita no quadro pela professora para quantificar o número de conclusões positivas e o número de negativas, na qual apurou-se que 18 alunos acharam positiva a atividade e as condutas do grupo e 3 concluíram como sendo negativas). 4. Aprofundando a compreensão do contexto: o cerceamento de liberdade da Ditadura Militar • Proposta de uma palestra com o professor de história sobre a Ditadura Militar no Brasil; • Estabelecimento de acordos. Retomando as avaliações constantes, em cada ação desenvolvida, sobre as dificuldades em se ter um Ambiente de aprendizagem em nossa sala de aula, com Cooperação e Protagonismo, indaguei o que poderíamos propor para participarmos de uma palestra. A ideia de um acordo para tal evento surgiu e se efetivou da forma seguinte: A proposta: Os alunos receberam uma folha onde deveriam produzir um relatório individual e sem necessidade de identificação com a seguinte proposta: “Como você já sabe, hoje vamos à biblioteca para assistirmos a um vídeo. Baseados na conversa que acabamos de ter, gostaria que você respondesse às seguintes perguntas: Qual você acha que será a temática do vídeo? Como você imagina que será o vídeo? Como será a sua conduta e a da turma durante a exibição do vídeo?” 13 Acordo estabelecido pelos alunos: 1. Fazer silêncio; 2. Prestar o máximo de atenção; 3. Levantar o dedo antes de falar e aguardar a vez; 4. Participar com seriedade; 5. Tirar todas as dúvidas sobre a Ditadura. • Realização da Palestra. O professor explicou todo o contexto de repressão, de cerceamento de liberdade deste momento, todos os acontecimentos e respondeu perguntas dos alunos; 5. Roda de conversa: confrontando os contextos Justificando: À retomada do ambiente de repressão da ditadura militar provocada pela música “Coração de estudante” (atividade 4) seguiu-se o confronto com um estado democrático em que há liberdade de expressão. Tal proposta deveu-se ao fato de a causa do grave episódio de conflito e violência vivido em sala de aula e mobilizador deste projeto estar vinculada à violência simbólica, como o uso desrespeitoso da liberdade de expressão entre colegas e a exposição individual abusiva de aluno na mídia digital. • Retomada da palestra ouvida e discussão sobre a vida contemporânea e os desafios da liberdade, considerando os abusos da liberdade de expressão nas interações públicas e nas mídias; • Anotação no caderno de uma lista de benefícios e malefícios do uso das mídias sociais; • Produção de cartazes com tema: O que é legal publicar? / O que não é legal publicar? • Avaliação das atividades e das condutas protagonistas e cooperativas na roda de conversa. Clique nas imagens para ampliá-las e baixá-las Clique nas imagens para ampliá-las e baixá-las 14 DINÂMICA 3: O sarau Coração de Estudante – União da poesia e da música Justificando: A escolha desta dinâmica foi motivada levando-se em consideração a importância de se promover a interação em instâncias públicas, pois, conforme apontado no questionário socioeconômico e cultural aplicado aos alunos (cf. documento dissertativo, cap. Metodologia de Pesquisa), percebeu-se que, via de regra, os mesmo não participam destas cenas com a família. Reduzir a oralidade à fala informal e cotidiana considerando que ela não é parte fundamental das aulas de língua portuguesa é um grande equívoco, visto que, segundo Schneuwly (2004), é papel da escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral nas diversas situações comunicativas, especialmente nas mais formais. O autor assevera ainda que os gêneros da fala têm aplicação direta em vários campos da vida social, tais como no trabalho, nas relações interpessoais, na vida social, na vida política, por exemplo. Esta afirmação de Schneuwly está em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1999), que indicam a fala pública como sendo o foco da oralidade. Assim sendo, os PCNs afirmam que a escola tem a função de preparar o aluno para utilizar a linguagem oral propondo apresentações e criando situações de fala em que essas atividades façam sentido, envolvendo também regras de comportamento social. O termo sarau vem do latim seranus, que dá origem à palavra galega serão e, posteriormente, serão, em português. Sarau é um evento cultural em que as pessoas se encontram para se manifestar artisticamente. Em geral, o evento envolve dança, poesia, leitura de poemas, narrativas, música, teatro e artes plásticas (pintura e escultura etc.). Fonte: Plataforma do Letramento. Disponível em: http://www.plataformadoletramento.org.br/. Ações: 1. Planejamento do Sarau • Formação dos grupos: Criação de três (3) grupos com sete (7) componentes. Em cada grupo um (1) aluno seria o monitor e responsável pelo grupo. • Organização do Sarau: Formados os grupos, partimos para a elaboração das estratégias de ação para a realização do sarau: • Preparação do roteiro: Os alunos, em grupos, elaboraram um roteiro para o evento com os seguintes itens: » Definição do horário de início e término; » Escolha das poesias; Clique na imagem para ampliá-la e baixá-la 15 » Escolha das músicas; » Determinação da ordem das apresentações; » Montagem do cronograma. Em seguida, foi feita a leitura do roteiro de cada grupo e discussão do que seria mantido e o que não deveria permanecer (houve a análise dos pontos não comuns entre os roteiros elaborados). Cinco (5) poesias e três (3) canções para o sarau: » Poesias escolhidas do poeta Vinicius de Moraes: Soneto de Fidelidade, Pátria Minha, Soneto de Separação, A Rosa de Hiroxima e Soneto do Amor Total. » Canções escolhidas: Coração de Estudante (Milton Nascimento), (https://www.kboing.com.br/ milton-nascimento/coracao-de-estudante/) Histórias, nossas histórias Dias de luta... (Gabriel O Pensador) (https://www.kboing.com.br/gabriel-o-pensador/fe-na-luta/) e Foco, força e fé (Projota) (https://www.kboing.com.br/projota/foco-forca-e-fe/) • Elaboração da lista e divisão de tarefas para o sarau: As tarefas foram distribuídas por sorteio e, dessa forma, cada grupo ficou responsável por: » Grupo 1: Abertura e encerramento, cronometragem do tempo das apresentações; » Grupo 2: Decoração e organização da sala; » Grupo 3: Confecção das lembranças e lanche. • Ensaio geral. • Estabelecimento dos acordos: Leitura em voz alta dos acordos estabelecidos para outro evento (a palestra) e determinação de que todas as regras deveriam permanecer, pois seriam importantes para o sarau. Sugestão do acréscimo da seguinte regra: fazer tudo com seriedade e responsabilidade. 2. Realização do sarau O evento aconteceu na sala de aula com as cadeiras organizadas em semicírculo para que todos pudessem assistir às apresentações, foram convidados 10 alunos de outras turmas escolhidos pelos alunos, a diretora e sua vice que não puderam comparecer, duas pedagogas da escola e uma professora de outra escola (convidada por alguns alunos por ter sido professora deles na 5ª série do E. F. I). • Avaliação do evento e dos grupos: » Avaliação das atividades e das condutas protagonists e cooperativas; » Análise e anotação no caderno dos pontos positivos e dos que precisam melhorar. Cada aluno fez uma lista com o tema: O que foi bom? e O que precisamos melhorar? 16 O Quadro 1 a seguir, inspirado em proposta de trabalhos anteriores de nosso macroprojeto (BRASIL, 2015; ISHIKAWA, 2015; SOUZA, 2016; FRANKLIM, 2016) traz os indicadores de avanços e dificuldades percebidos durante a aplicação do Projeto 1, assim como apontamentos diagnósticos e indicadores para futuras ações: AVANÇOS: » Melhora significativa nas práticas interacionais; » Maior interesse pelas aulas e comprometimento com as atividades; » Desenvolvimento do gosto pela leitura de poesia (entusiasmo) e ampliação do repertório literário; » Progresso no planejamento do uso oralidade pública; » Preocupação em zelar pelo ambiente físico da sala de aula e da escola como um todo; » Aperfeiçoamento da cooperação e do respeito mútuo; » Aprimoramento da capacidade de reflexão em relação às atividades e condutas individual e coletiva. DIFICULDADES: » Alguns alunos ainda se mostram desinteressados, tímidos e/ou receosos em participar das atividades; » Ainda há episódios de agressividade nos discursos entre os pares; » Há alunos que ainda não conseguem respeitar o turno de fala do colega e da professora; » Resistência à inserção de outro gênero textual para além da poesia. APONTAMENTOS DIAGNÓSTICOS E INDICADOR DE AÇÃO: A inserção da poesia e da música neste primeiro projeto propiciou a sensibilização, favoreceu a reflexão e consequentemente a construção de novos significados nas relações presentes na sala de aula. Foi possível perceber um substancial avanço em relação à construção de um AMBIENTE DE APRENDIZAGEM propício a efetivas práticas de linguagens que visam a uma educação linguística cidadã. Os alunos realizaram as atividades propostas de forma prazerosa, entusiasmada e demonstraram grande interesse nas ações que oportunizaram o PROTAGONISMO DISCENTE e o desenvolvimento da COOPERAÇÂO entre o grupo. A sala de aula cobriu-se, literalmente (murais, varaus) de poesia minimizando as cenas constantes de violência física ou simbólica. O salto de qualidade nas interações foi visível por todos e propiciou-me uma condição efetiva de PROFESSORA que há muito eu não experimentava. Entretanto, houve relutância ao serem informados que passaríamos ao Projeto 2 (A língua e a ciência: desvendando textos expositivos), o que indicou a necessidade de fortalecimento de ações baseadas no diálogo, na confiança e no respeito mútuo entre discente e docente que confirmassem a relevância da aprendizagem de novos conteúdos. INDICADORES DE AÇÃO: i. buscar estratégia de aprendizagem capaz de seduzir os alunos para a aprendizagem do discurso ordem científica, desvelando o papel criador da ciência similar ao da arte; ii. fortalecer as ações promotoras de um novo Ambiente de aprendizagem – Protagonismo e Rede de cooperação. Quadro 1: Indicadores do Ambiente de Aprendizagem I 17 cada aula. A decisão por manter este gênero deveu-se, primeiro, ao imenso interesse demonstrado pelos discentes durante as ações do Projeto 1 e a uma negociação feita com os mesmos ante a resistência em ir em frente com a proposta programática do curso; segundo, por reconhecer que - ante a pertinência da poesia como propiciadora do desenvolvimento imagético, linguístico e também como mediadora do prazer pela leitura - só teríamos a ganhar com esta estratégia. Já que se compreende “como próprio papel da arte desenvolver a personalidade humana” (AVERBUCK, 1998, p. 66), a poesia, como arte, pode contribuir com a humanização do homem “coisificado”, tornando-o sensível e crítico. Foi o que aconteceu em nossa sala de aula - a poesia foi responsável pela ruptura com um ambiente corrosivo, de violência física e simbólica, e pela ressignificação de nosso ambiente de aprendizagem. Por tudo isto, ganhou o merecido papel de nossa parceira ao longo de todo o projeto interventivo. Objetivos: Desenvolver nos alunos: • Práticas leitoras autônomas de gêneros textuais expositivos; • Comportamentos leitores (tomar notas, resumir, rascunhar, sublinhar) relacionados à leitura com o propósito de estudar e se informar; • Práticas de escrita de gêneros de natureza científica; • Práticas linguísticas e interacionais favoráveis a um Ambiente de Aprendizagem cooperativo; • Capacidade de refletir sobre e avaliar o Ambiente de Aprendizagem. Assim configurado, o Projeto 2 se estruturou a partir das seguintes dinâmicas: • DINÂMICA 1: Aprimorando as estratégias leitoras do gênero “artigo de divulgação científica”; • DINÂMICA 2: Produção do gênero “artigo de divulgação científica” a partir da exploração de textos modelares; • DINÂMICA 3: A experiência lúdica e tecnológica na divulgação científica - viagem ao Centro de Ciências/UFJF; III. PROJETO 2: A LÍNGUA E A CIÊNCIA: DESVENDANDO TEXTOS EXPOSITIVOS Justificativa: O Projeto 2, mantendo em foco as ações traçadas para a construção do AMBIENTE DE APRENDIZAGEM, tem como objeto de aprendizagem central dois gêneros de natureza expositiva (agrupamento do EXPOR) (DOLZ e DOLZ E SCHNEUWLY, 2004, p. 121) - artigo de divulgação científica e relatório de experiência científica. A promoção do estudo de tais gêneros textuais, ancorada na categoria MODELAGEM, tem como objetivo levar até o aluno conhecimentos produzidos pela ciência e que são importantes para a ampliação não só do seu repertório linguístico, como também para sua inserção neste universo cujo acesso, via de regra, lhe é negado devido à opacidade desta ordem discursiva. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental II (BRASIL, 1999), a utilização em sala de aula de atividades de leitura com tais gêneros constitui-se como parte essencial da formação cidadã uma vez que proporciona ao aluno uma inter-relação da vida científica da atualidade com os conteúdos programáticos da escola. Nesta mesma direção o CBC/RJ (SEEDUC-RJ, 2012) sugere alguns gêneros deste agrupamento (artigo de divulgação científica, relatório, fichamento e resumo) como opções de leitura e escrita no 8º. Ano (Cf. subseção 2.2.2.2, documento dissertativo). Assim, dentro das metas de ação interventiva anunciadas (cf. Apresentação do Projeto), o Projeto 2 vai ao encontro das recomendações do CBC/RJ (SEEDUC/RJ, 2012), valendo-se ainda de uma seção proposta no livro didático adotado. Para além disto, conduzimos os alunos em visita a um espaço de exposição científica – O Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora – com vistas a partilharem um novo modo de conhecer em que o lúdico, a tecnologia digital, a explicação teórica especializada, os experimentos interativos e outros recursos se juntam em prol da divulgação científica. É importante ressaltar ainda, a presença, neste Projeto e no que se segue (Projeto 3), de um pequeno momento destinado à leitura de poesias (“A poesia de cada dia”), ora no início, ora no final de 18 • DINÂMICA 4: Relatando a experiência científica no Centro de Ciências/UFJF. DINÂMICA 1: Aprimorando as estratégias leitoras do gênero “artigo de divulgação científica” Justificando: As ações desenvolvidas nesta Dinâmica 1 pautam-se nas várias possibilidades de desenvolvimento da competência leitora dos educandos propiciadas pelo gênero “artigo de divulgação científica”, que a partir do seu objetivo fundamental de difundir ao público em geral o conhecimento produzido pela ciência, utiliza-se de um registro linguístico menos formal e, portanto, mais próximo do público ao qual se destina. Desta particularidade, decorre a característica fundamental deste gênero – seu caráter metalinguístico – ou seja, sua capacidade de se auto explicar. (LEIBRUDER, 2000). Assim, segundo destaca Leibruder (2000, p. 234), “explicações, exemplificações, comparações, metáforas, nomeações, além da própria escolha lexical e utilização de recursos visuais são exemplos de elementos didatizantes” utilizados nesse gênero que ampliam as possibilidades de estratégias leitoras. Diante do exposto, seguem as ações propostas nesta dinâmica. Texto modelar escolhido: “Por que sentimos água na boca?” de Suzana Herculano-Houzel do Departamento de Anatomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ações: 1. Estratégias antes da leitura Antes de iniciarmos a leitura coletiva do texto, os alunos foram estimulados com as seguintes perguntas: • Por que sentimos água na boca? • Que tipo de informações um texto com este título pode nos trazer? • Onde você acham que este texto foi divulgado? • Quais revistas vocês costumam ler? 2. Estratégias de leitura: o lúdico a serviço da compreensão leitora • Os alunos receberam uma cópia impressa do texto e solicitei que fizessem primeiro uma leitura silenciosa do texto. A seguir fizemos a leitura coletiva em voz alta do texto. • Os alunos foram indagados se as expectativas que tiveram antes de ler o texto foram atendidas ou frustradas. • Em seguida, iniciamos a atividade de compressão do texto com um jogo da trilha retirado da internet de uma oficina de artigo de divulgação científica, disponível no site http://iqe. org.br/imagens/imagens_noticias/oficina_de_artigo_de_divulgacao_cientifica.pdf (O jogo e as questões referentes ao jogo foram retirados deste site e sofreram algumas alterações). Tal escolha deveu-se ao fato de o jogo, além de promover um encontro lúdico com a ciência, propiciar a formação dos grupos e a avaliação do comportamento da turma, da capacidade de trabalho em equipe e de gerenciamento de conflitos. • No jogo escolhido - Jogo da Trilha - os participantes/competidores precisam percorrer toda a trilha respondendo corretamente às perguntas propostas que têm o texto lido como foco. Tais perguntas estão guardadas nos envelopes afixados nas casas que compõem a trilha, a qual pode ser marcada com giz, no chão, ou desenhada previamente no papel madeira ou cartolina, para ser disposta em uma mesa. 19 QUESTÕES UTILIZADAS NO JOGO DA TRILHA COMO ESTRATÉGIA DE LEITURA: • Onde foi publicado esse texto? • Qual é o público-alvo do texto? • Por que o título do texto está em forma de pergunta? • Qual é o tempo verbal predominante em todo o texto? • Qual é a razão do uso desse tempo verbal no texto? • Identifique, no texto, um exemplo de nomeação. • Leia o segundo parágrafo do texto e localize uma explicação. • Leia o quarto parágrafo do texto e localize uma exemplificação. • Leia, em voz alta, o parágrafo em que o autor retoma e conclui o assunto do texto. • A resolução ou explicação da questão apresentada no título do texto se concentra em quais parágrafos? • É próprio deste gênero textual o autor interagir com o leitor, como se estivesse dialogando com este. Localize, no segundo parágrafo, esse “diálogo” com o leitor. • Qual a intenção do estabelecimento desse “diálogo” com o leitor? • Apesar de o texto apresentar uma linguagem informal, o autor não dispensa o uso de termos técnicos científicos. Localize-os no texto. • Qual a finalidade do texto lido? • Com base nas reflexões feitas, pode-se reconhecer o texto “Por que sentimos água na boca?” como pertencente a que gênero? JOGO DA TRILHA2 DESCRIÇÕES DO JOGO: Participam do jogo cinco pessoas: quatro jogadores e um mediador; • No dia havia vinte (20) alunos presentes, formamos então quatro (4) grupos com cinco (5) participantes, sendo um (1) deles o mediador. • O mediador leu as regras para os jogadores; 1. Os participantes leram coletivamente o texto antes de começarem a jogar; 2. Coube ao mediador ler as perguntas e anotar os pontos obtidos pelos jogadores a cada jogada; 3. Inicialmente, todos os jogadores lançaram o dado. Quando começou o jogo, respondeu à primeira pergunta o jogador que tirou o maior número de pontos e teve que cumprir o estabelecido no primeiro envelope; 4. Seguiu o jogo com o segundo participante, que respondeu à pergunta do segundo envelope, cumpriu o estabelecido no mesmo e, nessa sequência, procederam os demais participantes, até que a primeira rodada foi finalizada. 5. Iniciamos a segunda rodada, seguindo a mesma ordem de jogadas da primeira; 6. Os participantes que ficaram retidos na primeira rodada não tiveram mais perguntas, apenas lançaram o dado e seguiram as instruções da Trilha; 7. Venceu o jogo o primeiro jogador que alcançou a linha de chegada. 8. O vencedor ganhou uma caixa de bombons. 2 Oficina de artigo de divulgação científica, disponível no site http://iqe.org.br/imagens/imagens_noticias/oficina_de_artigo_de_divulgacao_cientifica.pdf 20 • Pós-atividade: refletindo sobre e avaliando o Ambiente de Aprendizagem (atividade coletiva com a turma toda). Questões propostas: » Como foi a atividade? Gostaram ou não? Por quê? » Como avalia o seu grupo? (Pergunta a cada mediador do grupo) » Vocês concordam com a avaliação do mediador? (Pergunta a cada grupo) » Faça um relato escrito de tudo o que ocorreu durante a realização desta atividade; registre nele todas as suas impressões. 1. Estratégias antes da leitura: Sistematizando a macroestrutra do gênero e explorando recursos de textualidade Proposta de atividades escritas em duplas e voltadas para a análise de novos recursos discursivos do “artigo de divulgação científica”. Aspectos focalizados: • Macroestrutura do gênero; • Textualidade: critérios de credibilidade das informações; • Textualidade: critérios de objetividade e subjetividade; • Linguagem do texto (variante formal/informal); • Marcadores textuais de destaque; • Elementos de coesão relevantes no texto de divulgação científica. As Fotos do jogo. Clique nas imagens para ampliá-las e baixá-las 21 QUESTÕES PROPOSTAS PARA AS DUPLAS A PARTIR DO MESMO TEXTO UTILIZADO NA ATIVIDADE ANTERIOR O texto de divulgação científica tem a intenção de fornecer explicação e tornar claras ao leitor leigo (não especialista) informações sobre determinado assunto científico. Por essa razão, ele é estruturado de modo a ajudar o leitor a se apropriar dos conceitos e a compreender as explicações. Vamos explorar um pouco mais essa construção. Para facilitar a compreensão do leitor, o artigo de divulgação científica, via de regra, apresenta uma estrutura em que os parágrafos se organizam da seguinte forma: introdução, desenvolvimento, conclusão ou fechamento. Sintetize com suas palavras, formando um esquema, o que foi dito na introdução, no desenvolvimento e a que conclusão o texto chegou. Há o predomínio de alguma linguagem (formal ou informal) no texto? Um texto científico tem que atender ao critério de credibilidade para que seu leitor incorpore o conhecimento transmitido. Você considera que este texto atende a este critério? Por quê? Textos deste gênero costumam valer-se de marcadores gráficos (negrito, itálico, alguma palavra ou frase em destaque, aspas, etc). Há marcadores de destaque no texto lido? Aponte-os e explique por que você acha que foram usados. É comum ouvirmos frases do tipo: “você precisa ser mais objetivo.” ou “sua análise está muito subjetiva”. Vamos pensar um pouco sobre isso? Observe estes trechos retirados do texto: • “Todo mundo produz uma pequena quantidade de saliva o tempo todo, mas a produção aumenta quase dez vezes quando uma pessoa vê, cheira ou pensa em comida.” • “E eu, de tanto escrever sobre comida, já fiquei com água na boca...” Como o critério de maior ou menor objetividade ou subjetividade se apresenta nestes trechos? Volte ao texto para buscar uma justificativa para tais escolhas de seu autor. O texto lido está estruturado em 5 (cinco) parágrafos. Para ligar os parágrafos, o produtor utilizou elementos que ligam o texto, tornando-o mais organizado e mais claro. São os chamados elementos de coesão. Observe o trecho de introdução do 2º (segundo) parágrafo: “Só de ouvir essas palavras, sua boca se enche d’água”. A palavra destacada se refere a quê? Qual a relação estabelecida com o parágrafo anterior pelos termos “Além disso” que introduz o 4º (quarto) parágrafo: ( ) adição ou soma ( ) alternância ( ) oposição Busque no texto mais 2 exemplos que dão a mesma ideia do termo destacado na questão anterior? 22 • Após discussão das respostas com toda a turma, construímos juntos no quadro (com anotações nos cadernos) um fluxograma de esquematização do gênero, baseado nas discussões desenvolvidas por Coracini (1991), Leibruder (2000) e em proposta apresentada no livro didático Projeto Teláris 8º ano dos autores Ana Trinconi Borgatto, Terezinha Bertin e Vera Marchezi, editora Ática, p. 133. TEXTO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA TEXTO EXPOSITIVO ORGANIZADO PARA APRESENTAR CONCEITOS DE DIVERSAS ÁREAS DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO FINALIDADE COMUNICATIVA: Informar; Dar explicações sobre assunto/tema; Possibilitar a compreensão de diferentes conceitos; “Popularizar a ciência”, ou seja, difundir o conhecimento científico. LINGUAGEM: Há a predominância da lingagem coloquial, clara e objetiva. Utilização de um vocabulário mais próximo do leitor. CONSTRUÇÃO: Apresentação: • Título; • Introdução/Con- textualização; • Desenvolvimen- to/detalhamento; • Fechamento •Uso de elemen- tos de coesão unindo as partes. LEITOR: Público leigo ou não especializado no assunto. MEIOS DE CIRCU- LAÇÃO DO GÊNERO: Revistas e jornais científicos populares, livros, plataformas de divulgação científica, televisão, internet. • Avaliação do Ambiente de Aprendizagem: atividades realizadas; condutas individuais, em grupo, coletivas; ações protagonistas e atitudes cooperativas. DINÂMICA 2: Produção do gênero “artigo de divulgação científica” a partir da exploração de textos modelares. Justificando: Tal dinâmica, já pensada neste projeto, foi ao encontro de uma sugestão dada pela equipe pedagógica da escola aos professores de Língua Portuguesa que deveriam, a partir do gênero que estivessem trabalhando, escolher uma atividade que resultasse numa produção escrita ou oral dos alunos para divulgação na Feira de Ciências da escola, cujo tema foi “Saúde e bem-estar”. Pautada no pressuposto de que esta ação interventiva define-se como não pontual e, portanto, deve abarcar cotidianamente todo o processo de construção da aprendizagem de Língua Portuguesa (Cf dissertação e apresentação deste projeto), e de que a modelagem é uma das categorias centrais que ancoram nossas ações, optei por utilizar uma seção do livro didático (LD) adotado do PNLD (2017- 2019), Português Linguagens, 8º ano/ Williiam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães – 9ª edição reformulada – São Paulo: Saraiva, 2015 (cf descrição na dissertação), presente nas páginas 209 a 214 que possibilita a produção do gênero a partir de bons modelos textuais. Deve-se destacar também que as ações escolhidas propostas no LD vão ao encontro dos objetivos desta intervenção no que diz respeito ao desenvolvimento de estratégias leitoras e de práticas de escrita a partir da utilização de modelos textuais reais do gênero em questão e estão organizadas em duas partes, a primeira desenvolve o conteúdo do ponto vista teórico que, a partir da observação e compreensão de um texto modelar o aluno é levado a perceber suas especificidades quanto ao tema, à estrutura composicional e ao estilo (Uso da língua). Além disso, são destacados aspectos da situação de produção e recepção do gênero. A segunda parte, introduzida pelo título “Agora é a sua vez”, é voltada à produção do aluno, desenvolvida por uma proposta que permite a aplicação dos conhecimentos teóricos adquiridos. Há ainda mais duas subseções (“Planejamento do texto” e “Revisão e reescrita”) que orientam o aluno sobre como planejar seu texto, como avaliá-lo e como refazê-lo, se necessário. 23 A LEITURA NO LIVRO DIDÁTICO Os aspectos da leitura promovidos pelas atividades utilizadas do livro didático exploram os seguintes descritores propostos pela Matriz de Referência da Prova Brasil para o segmento do 6º ao 9º do Ensino Fundamental: Tópico I. Procedimentos de leitura DESCRITORES Localizar informações explícitas no texto D1 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão D3 Inferir uma informação implícita em um texto D4 Identificar o tema de um texto D6 Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato D14 Tópico II. Implicações do suporte, do gênero e/ou enunciador na compreensão do texto DESCRITORES Identificar a finalidade do texto em relação ao gênero D12 Tópico IV. Coerência e coesão no processamento do texto DESCRITORES Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto D11 Identificar a tese de um texto D7 Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la; D8 Tópico V. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido DESCRITORES Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão D18 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos D19 Tópico VI. Variação linguística DESCRITORES Identificar marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto D13 (PDE – Prova Brasil: ensino fundamental: matrizes de referência, tópicos e descritores. Brasília: MEC, SEB. Inep, 2011. P. 22-3.) Ações: 1. Preparando o ambiente para a atividade: • Escolha de 3 monitores para acompanhamento das ações e avaliação das condutas; • Disposição da turma em círculo; • Conversa informal sobre a feira de ciências da escola; • Retomada de acordos anteriores para realização da atividade. 2. Estratégias antes da leitura do texto de divulgação científica “O vício de comer”, de Drauzio Varella (perguntas utilizadas): • Qual assunto vocês acham que será tratado neste texto? • Para que vamos ler este texto? • O que vocês mais gostam de comer? • Acham que é saudável? • Como deve ser uma alimentação saudável? • Já ouviram falar sobre o autor do texto? Onde? • O que sabem sobre ele? 3. Durante a leitura • Leitura individual silenciosa a fim de permitir “que o leitor siga o seu ritmo para atingir o objetivo da compreensão.” (SOLÉ, 1998, p. 99); • Leitura do professor em voz alta para servir de modelo ao alunos, verbalizando e comentando “os processos que lhe permitem compreender o texto.” (Collins e Smith, 1980 apud Solé, 1998) 24 • Leitura coletiva em voz alta; • Leitura individual com vistas a sublinhar as ideias principais do texto; 4. Depois da leitura: • O que acharam do texto lido? • As previsões de vocês foram confirmadas ou não? • Quais informações novas o texto trouxe para vocês? • Onde encontramos esse gênero textual? 5. Estratégias de compreensão do texto: • Divisão da turma em 7 grupos com 3 participantes; • Produção individual de um resumo sucinto sobre o assunto tratado no texto; • Discussão nos grupos sobre os resumos produzidos; ● Segundo Solé (1998), “a elaboração de resumos está estreitamente ligada às estratégias necessárias para estabelecer o tema de um texto, para gerar ou identificar sua ideia principal e seus detalhes secundários” (SOLÈ, 1998, p. 143). Portanto, resumir um texto oportuniza não só o desenvolvimento da escrita, como também favorece o aperfeiçoamento da competência leitora dos alunos. Van Dijk (1983 apud Solé, 1998) institui quatro regras para a elaboração do resumo do conteúdo de um texto, que são: omitir, selecionar, generalizar e construir ou integrar. As questões abaixo foram inspiradas em algumas dessas regras. (O conteúdo abaixo foi xerocado e distribuído pela professora para servir de roteiro e orientar a discussão com os alunos) Antes da produção do gênero resumo você precisa saber que: Resumir um texto não é simplesmente grifar alguns de seus trechos e depois copiá-los novamente. Para produzir um bom resumo é necessário fazer alguns questionamentos e seguir alguns passos: • Qual é o tema do texto? • Qual a ideia principal transmitida por ele? • Qual é ou quais são as informações mais importantes que o texto quer transmitir? Leia o texto novamente, encontre e sublinhe essas informações. • Quais são as informações que podem ser descartadas por serem pouco relevantes? Risque-as com um lápis. • O texto possui informações repetidas? Se sim, essas também deverão ser descartadas. • Lembre-se: os resumos são maneiras sucintas de informar ao leitor o conteúdo do texto original, portanto você deve preservar o significado genuíno das informações contidas no texto. • Reflexão importante: não se faz um resumo apenas por fazer, ele deve ser produzido sempre com alguma finalidade. Qual é a finalidade ao produzir este resumo? (Roteiro para avaliação do textos – xerocado e distribuído pela professora) Para analisar os resumos produzidos você deve: • Ter o texto original em mãos; • Comparar o seu resumo com os produzidos pelos participantes do seu grupo; • Trocar os textos entre os membros do grupo e em seguida responder às seguintes questões: a) O resumo analisado é apenas cópia de partes do texto ou diz de modo breve e com outras palavras o assunto do texto? b) O resumo esquece partes importantes do texto original? Se sim, aponte-as escrevendo um bilhete para o autor do resumo. c) O resumo analisado traz informações desnecessárias, ou seja, que não são as informações principais? Sublinhe-as e notifique o autor. d) O resumo apresenta repetições de informações? Grife-as e indique uma nova leitura ao autor. e) O resumo traz elementos ou informações que não constam no texto original? Indique-as no texto e informe ao autor. 25 • Escolha do melhor resumo de cada grupo para ser socializado com turma; • Eleição de um representante para ler o resumo escolhido pelo grupo. 6. Atividade escrita no caderno das questões propostas no livro didático (“O vício de comer”, de Drauzio Varella) As questões foram realizadas individualmente e discutidas no grupo. A intenção era observar a autonomia e comprometimento dos alunos. 7. Preparando para a escrita: atividade de leitura e pesquisa para casa Leitura: • Leitura individual dos 2 textos propostos no LD (“Saúde na balança”, de Ênio Cardillo Vieira e “Refrigerantes açucarados”, de Drauzio Varella); Clique nas imagens para acessar o texto e questões do livro. • Sublinhar principais informações trazidas pelo texto; • Rascunhar os dados complementares trazidos nos textos sobre o assunto. Pesquisa: • Pesquisar em livros, revistas, jornais, enciclopédias e/ou internet e tomar notas sobre os seguintes temas propostos na seção “Planejamento do texto” do LD: i. Causas da obesidade identificadas pela ciência, suas consequências e os riscos da obesidade para a saúde; ii. Importância de reverter o quadro do crescente aumento da obesidade no país com vistas à saúde e ao bem-estar físico e psicológico das pessoas; iii. soluções para o problema da obesidade. 8. Atividade em grupo com vistas à ampliação de conhecimentos (antes da escrita) • Divisão da turma em 7 grupos de 3 participantes, os grupos não poderiam ter os mesmos participantes do grupo formado na atividade anterior – coube ao professor a escolha dos participantes de cada grupo; • Troca de material pesquisado dentro dos grupos; • Comparação entre os participantes das informações obtidas na pesquisa; • Definição do projeto de criação (construído com os alunos no quadro): Gênero Artigo de divulgação científica Tema Obesidade e suas consequências Objetivo da produção final Divulgação no mural da Feira de Ciências – Saúde e bem-estar” Leitores Os alunos e professores da escola e das escolas visitantes. Leigos ou não que se interessam pelo assunto Produção Em trios (Importante: precisa ter a contribuição de todos os participantes do grupo). 26 9. Produção escrita do gênero artigo de divulgação científica • Planejamento do texto segundo instruções do LD; • Escrita coletiva do texto pelos grupos; • Revisão do texto, cada aluno deveria reler o texto e propor alterações levando em consideração as etapas de revisão prescritas pelo LD; • Escolha de um representante de cada grupo para apresentar à turma o texto produzido pelo grupo; • Apresentação para a turma disposta em semicírculo. • Escolha dos 3 melhores textos para exposição no mural da feira de ciências; • Avaliação do Ambiente de aprendizagem: atividades realizadas; condutas individuais, em grupo, coletivas; ações protagonistas e atitudes cooperativas. DINÂMICA 3: A experiência lúdica e tecnológica na divulgação científica - viagem ao Centro de Ciências/UFJF. Justificando: É papel da escola promover o novo, somar ao conhecimento do aluno novos aspectos do saber, de maneira a ampliar seu letramento, tendo em vista as múltiplas formas de letramentos vigentes na sociedade contemporânea. (STREET, 2014) Dessa forma, objetivando uma ação pedagógica capaz de proporcionar aos discentes novas vivências promotoras de saberes e trocas interacionais e de criar condições efetivas para a produção do gênero “relatório de experiência científica” (Dinâmica 4), conduzimos os alunos a uma visita ao Centro de Ciências/UFJF, onde o lúdico, a tecnologia, a teoria e ciência se unem em prol da divulgação científica e a promoção de novos saberes. Pautados na importância do trabalho interdisciplinar na promoção da aprendizagem da leitura e da escrita, unimos Língua Portuguesa e Ciência, buscando além de desvelar novos conhecimentos, preparar o educando para o enfrentamento de questões variadas ampliando assim suas práticas cidadãs. Ações: 1. Planejando a viagem • Escolha da turma de três (3) monitores para acompanhar e anotar todas as discussões e decisões tomadas durante o processo de planejamento da viagem – os monitores foram escolhidos por serem considerados pela turma os mais responsáveis; • Criação de três (3) grupos com sete (7) participantes para as primeiras discussões; • Criação de um grupo no whatsapp para facilitar o contato, resolução de dúvidas e tomada de decisões em conjunto; • Definição das datas para reuniões no contraturno. Clique nas imagens para acessar as atividades de produção e reescrita do livro. 27 2. Primeira reunião (a turma disposta em grande círculo) • Definição das regras de conduta (Pacto de cooperação) para a reunião: • Retomamos os acordos já estabelecidos em outra ação (Dinâmica 4 - Projeto 1 – Palestra) e acrescentamos a seguinte regra: só poderiam falar o que realmente fosse importante e estivesse relacionado com a viagem; • Elaboração da pauta para a reunião, listando os assuntos que seriam tratados; • Eleição de 1 monitor responsável pela ata da reunião (foi instruído por mim o que deveria escrever nela (expliquei para a turma o que era uma ata – sua função e estrutura composicional); • Levantamento das expectativas em relação a viagem: Perguntei aos alunos se já tinham ido a um Centro de Ciências de uma Universidade, eles disseram que não; pedi a eles para falarem que experiências imaginavam que teriam com essa viagem, o que eles achavam que aprenderiam e por que essa viagem seria importante para a vida escolar deles. Solicitei que anotassem individualmente todas as respostas para analisarmos após a viagem o que se confirmou ou não/ perguntas foram escritas no quadro e respondidas no caderno. 3. Segunda reunião: (A turma dividida em três (3) grupos com sete (7) participantes cada). • Escolha de 1 monitor para liderar cada grupo; • Leitura do Pacto de Cooperação firmado para as reuniões e reflexão sobre o cumprimento ou não das regras na reunião anterior; • Leitura da ata da reunião anterior por um dos monitores; • Discussão nos grupos sobre a prioridade na resolução dos assuntos referentes à viagem; • Planejamento financeiro da viagem; (E isso foi um assunto muito importante, pois a maioria dos alunos possuem baixo poder aquisitivo); 4. Terceira reunião: (Em grupo: 7 grupos com 3 participantes cada) • Formação dos grupos; • Escolha de dois (2) monitores para a ata e avaliação das condutas; • Leitura do Pacto de Cooperação firmado para as reuniões e reflexão sobre o cumprimento ou não das regras na reunião anterior; • Leitura da ata da reunião anterior; • Avaliação das metas planejadas nas reuniões anteriores, levantamento do que já estava resolvido e o que ainda falta resolver; • Definição Pacto de Cooperação para a viagem - eleição de 10 regras consideradas importantes para a viagem por grupo; • Leitura pelo representante dos grupos do Pacto de Cooperação criado; • Eleição das regras mais importantes e que serão fundamentais para regular as condutas durante a viagem; 5. A viagem ao Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora • Encontro na escola para saída; • Leitura Pacto de Cooperação criado; • Discussão sobre os nossos objetivos de aprendizagem com essa viagem; • Durante a visita: produção de fotos e vídeos para auxiliar na produção do gênero relatório. A viagem contou com a participação de 2 professores de Ciências da escola, o professor da turma e a professora responsável pelas aulas de experimento de todas as turmas do turno da tarde. Os 28 professores, durante a visita guiada pelos monitores do Centro, exploraram os conhecimentos que os alunos já possuíam, levantando questões e estimulando-os a na busca de novos conhecimentos. As Fotos da viagem: 6. Avaliando a viagem (com a turma disposta em semicírculo) • Leitura individual das anotações feitas durante o levantamento das expectativas em relação a viagem; • Escolha das fotos e vídeos para publicação na página da escola no Facebook; • Discussão com o seguinte roteiro proposto pela professora: » As expectativas se confirmaram ou não? » O que vocês aprenderam? » Qual experiência foi a mais importante? » Por que a viagem foi importante para a vida escolar de vocês? Clique nas imagens para ampliá-las e baixá-las 29 • Após a discussão foi solicitado que, individualmente, fizessem uma lista no caderno de tudo que viram no Centro de Ciências; • O professor de Ciências solicitou que, a partir da lista feita, os alunos fizessem um resumo da viagem. DINÂMICA 4: Relatando a experiência científica no Centro de Ciências/UFJF. Justificando: O desafio posto neste estudo foi a construção cotidiana de uma prática pedagógica cidadã para o ensino de LP. Assim, ações voltadas para a construção de um Ambiente de Aprendizagem foram perpassando todo o projeto de modo a se aprender a conviver, a viver o espaço de sala de aula, a valorizar o conhecimento em atitudes de protagonismo e cooperação. A cada dinâmica tais metas foram pontuadas e avaliadas. Nesta direção, a vivência da experiência científica proporcionada pela visita ao Centro de Ciências/UFJF foi uma oportunidade ímpar coroada de amplo êxito. Faltava seu coroamento em termos do objetivo de fornecer subsídios aos discentes com vistas à produção do gênero “relatório de experiência científica”. Este é o foco desta Dinâmica 4 que tem em vista a afirmação do CBC/ RJ (SEEDUC/RJ, 2012) de que a prática da produção textual é parte vital na formação de cidadãos cônscios de seu poder transformador da sociedade. Ações: 1. Preparação para a produção do gênero “relatório de experiência científica” • Divisão da turma em 7 grupos com 3 participantes cada; • Escolha de 2 monitores, 1 para acompanhamento das ações e 1 para a avaliação das condutas cooperativas em grupo; • Leitura e discussão nos grupos de todas as anotações que possuíam sobre a experiência científica vivida nos Centro de Ciências/UFJF; • Relato oral dos participantes no grupo sobre a experiência vivida no Centro de Ciências; 2. Produção do gênero “relatório de experiência científica” (atividade individual) • Produção de relatório da experiência científica vivenciada no Centro de Ciências/UFJF para escolha pela turma do melhor texto para ser entregue ao diretor do Centro, Eloi Teixeira; • Definição do projeto de criação (construído com os alunos no quadro): Gênero Relatório de experiência científica Tema O que aprendemos com a visita ao Centro de Ciências/UFJF Objetivo da produção final Escolha do melhor texto para divulgação no mural da escola, para entregar ao diretor do Centro de Ciências e para a orientadora deste trabalho Leitores Os alunos e professores da escolas, o diretor do Centro de Ciências e a orientadora deste trabalho Produção Individual. Correção Os alunos da turma (os textos serão trocados) • Perguntas lançadas pela professora: » O que vocês acham que um relatório precisa conter? » Como deve ser sua estrutura composicional? » O que devemos levar em consideração na hora de produzir este gênero? 3. Avaliação e reescrita (1ª etapa): • Troca dos textos entre os alunos; • Leitura dos textos recebidos (trocados entre eles); • Devolução dos textos com as análises utilizando-se bilhetes orientadores; • Reescrita do texto pelos autores de acordo com o indicado nos bilhetes orientadores. 4. Avaliação e reescrita (2º etapa): 30 • Divisão da turma em 7 grupos com 3 participantes; • Socialização dos textos nos grupos; • Troca dos textos entre os participantes dos grupos; • Sugestão do grupo para melhoria dos textos; • Reescrita quando necessária. 5. Escolha dos textos: • Escolha de 1 texto por grupo; • Justificativa do motivo da escolha. (Por que este texto foi considerado o melhor?) • Apresentação à classe dos textos escolhidos e das justificativas que levaram à escolha; • Escolha pela classe do melhor texto para a professora entregar ao diretor do Centro de Ciências/UFJF, Eloi Teixeira; • Avaliação da atividade e das condutas protagonistas e cooperativas da turma; • Entrega pela professora do relatório escolhido pela turma ao diretor do Centro de Ciências/ UFJF, Eloi Teixeira. O Quadro 2, a seguir, traz os indicadores de avanços e dificuldades percebidos durante a aplicação do Projeto 2, assim como apontamentos diagnósticos e indicadores para futuras ações: AVANÇOS: » Melhora significativa do comprometimento e envolvimento da turma; » Desenvolvimento da capacidade de solucionar problemas; » Avanço do uso eficiente de práticas de oralidade em instâncias públicas; » Melhora nas práticas de escrita; » Aumento das práticas cooperativas; » Maior respeito entre os pares e com o professor; » Ausência de episódios de agressividade entre os pares; » Avanço significativo da capacidade de reflexão em relação às atividades e condutas individual e coletiva. DIFICULDADES: » Dois alunos ainda se mostram desinteressados em participar das atividades; » Há alunos que ainda não conseguem respeitar o turno de fala do colega e da professora. 31 APONTAMENTOS DIAGNÓSTICOS: O que parecia impossível, mais uma vez se repetiu! Vencida a resistência inicial em relação à introdução de outros conteúdos de aprendizagem para além da poesia, as atividades foram, aos poucos, ganhando em leveza, prazer e muito comprometimento. Os alunos foram confrontados com várias situações em que tiveram que solucionar os problemas encontrados e propor soluções. Em todas as etapas, mostraram-se muito cooperativos e exerceram atitudes protagonistas. O objetivo de construção de um AMBIENTE DE APRENDIZAGEM propício ao ensino aprendizagem de Língua Portuguesa foi alcançado com êxito também neste Projeto 2. A visita ao Centro de Ciências (que incluiu um almoço no Restaurante Universitário da UFJF) foi o ponto culminante – uma experiência inédita na vida destes alunos que responderam com encantamento, seriedade e respeito ao Pacto de cooperação firmado pela turma. O trabalho com a escrita de gêneros científicos, com textos modelares se mostrou muito eficaz dada, em especial, a finalidade comunicativa proposta para tais produções (texto de divulgação científica para apresentação na Feira de Ciências e relatório de experiência científica para envio a autoridades). O uso da língua com mais autonomia e eficiência foi um ganho efetivo destes alunos. O aumento do respeito mútuo (entre discente-discente e entre estes e o docente) foi outra marca significativa. Como professora, minha ação AUTORAL, trouxe de volta meu poder simbólico junto aos alunos. Respeitada e valorizada em minhas práticas diárias, pude ensinar e gerar aprendizagem. INDICADORES DE AÇÃO: • Fortalecer as ações promotoras de um novo Ambiente de aprendizagem – Protagonismo e Rede de cooperação – de modo a alcançar TODOS os alunos. Quadro 2: Indicadores do Ambiente de Aprendizagem II IV. PROJETO 3: TRABALHANDO VALORES E O GÊNERO ORAL ASSEMBLEIA DE CLASSE Justificativa: Pautada no desafio de promoção de um Ambiente propício à Aprendizagem da Língua Portuguesa através da construção cotidiana de um espaço efetivo de práticas de linguagem cidadãs desenvolveu-se toda a minha ação educativa nos projetos anteriores. Os Indicadores obtidos como resultados desta ação (Cf. Quadro I e II) apontaram, por um lado, o avanço altamente significativo do Protagonismo discente e de nossa Rede de Cooperação; por outro, ainda revelaram a falta de adesão de alguns alunos. Frente a tais indicadores, propusemos como meta para este Projeto 3 o fortalecimento de nosso Ambiente de aprendizagem de modo a alcançar TODOS os alunos. No encalço de tal meta, este projeto elegeu como objeto de aprendizagem central o gênero oral “Assembleia de classe”. A escolha deste gênero justifica-se pelo fato de provocar um importante momento de diálogo e criar a oportunidade para que os participantes se sintam pertencentes ao grupo e responsáveis por esse. Como pontua Araújo (2015), o diálogo proporcionado pelas assembleias auxilia na construção de um ambiente onde os alunos aprendem a viver em sociedade de uma forma democrática, solidária, crítica, autônoma e participativa, desenvolvendo assim práticas de oralidade cidadã. Nessa direção, a pauta coletivamente definida para a organização de tal gênero foi a discussão e avaliação de toda a nossa ação ao longo deste projeto interventivo e a proposição de novos caminhos para a vida escolar. Objetivos: Visando a um uso cidadão das práticas de oralidade no Ambiente Escolar e fora dele, as ações desenvolvidas neste projeto buscaram fortalecer: • O autoconhecimento e o reconhecimento do próximo; • A reflexão acerca da aprendizagem construída ao longo deste projeto interventivo; • A formação de capacidades morais e a aquisição de atitudes e valores; 32 • A autoavaliação e a tomada de consciência sobre o papel de cada um dentro do grupo; • O desenvolvimento de atitudes de convívio: respeito à fala e posicionamento de outros, espera da vez de falar, tolerância, criando oportunidades para pôr em prática a mediação de conflitos; • O reconhecimento da importância de um ambiente humano de companheirismo, respeito, cooperação e aprendizagem; • A construção de Pacto social de condutas necessárias para a convivência democrática dentro e fora da escola. Assim definido, o Projeto 3 foi organizado com as seguintes dinâmicas: • DINÂMICA 1: trabalhando o auto e heteroconhecimento; • DINÂMICA 2: implementação da assembleia; • DINÂMICA 3: a assembleia; • DINÂMICA 4: Culminância – “a poesia de cada dia” DINÂMICA 1: Trabalhando o auto e o heteroconhecimento Justificando: Para estas ações aplicou-se uma dinâmica chamada “Anúncio publicitário” (reti- rada da internet no site da Consultoria Germinal – Educação e Trabalho (Disponível em: http://ger- minai.wordpress.com/category/dinamicas-escolhidas/), sem autoria - com algumas alterações) que promove o autoconhecimento e o reconhecimento do outro objetivando a formação de grupos de trabalho com vistas a um aprofundamento de diagnóstico em relação às atividades, condutas e re- flexões contempladas nos conteúdos dos Diários de Bordo Discente. Ações: 1. Apresentando o meu perfil (Atividade individual) • Distribuição de papel sulfite e canetas coloridas para todos; • Cada participante foi orientado que, num tempo cronometrado de 10 minutos, deveria criar um “Anúncio Classificado”, como os que aparecem nos jornais oferecendo algum produto ou serviço, (os alunos já tiveram contato com este gênero), expondo suas características pessoais – não deveria expor características físicas, apenas psicológicas. Quanto mais atraente e criativo o anúncio, tanto melhor. • O anúncio tinha o objetivo de fazer a divulgação da própria pessoa por intermédio de suas qualidades, defeitos, gostos, manias, etc. Ninguém deveria escrever o próprio nome. Os anúncios não deveriam ser mostrados nem comentados enquanto estavam sendo criados. 2. Divulgando o meu perfil (Atividade coletiva) • Depois de pronto, cada aluno deveria manter o seu anúncio em sigilo. Isto era importante. Quando todos concluíram, solicitei que cada um fixasse o seu classificado na parede, em lugar visível. • Então, em pé, todos fizeram um exame e apreciação dos classificados. As reações foram de surpresa com a criatividade dos colegas e de curiosidade sobre a autoria dos anúncios. 3. Formando grupos de trabalho a partir dos perfis • A seguir, solicitei 3 alunos para serem voluntários, pois a intenção era formar 3 grupos com 7 participantes; • Cada voluntário foi o líder de um dos grupos; • Os líderes escolheram os participantes de seu grupo de trabalho através dos classificados; • Cada líder escolheu apenas um classificado de cada vez. O autor desse classificado fez parte do seu grupo; • A cada escolha, o líder retirou o classificado da parede, leu o texto em voz alta e perguntou à turma quem era o autor do anúncio. Quem adivinhou foi seu colega de grupo para o próximo trabalho. As situações de escolha foram se repetindo até a formação dos subgrupos. 33 • Durante essas escolhas, leituras e revelações, mantive um ritmo ágil, para que a dinâmica seguisse interessante até o fim e não ultrapasse o tempo previsto. 4. Avaliando as condutas • Terminada a dinâmica, os alunos foram convidados a discutir suas condutas, suas práticas de oralidade em sala de aula durante a realização da referida atividade. Perguntas que orientaram a discussão: » O que acharam desta atividade? » E quanto a conduta de vocês? Acharam que foi adequada? Houve algum conflito, algo que atrapalhasse o transcorrer da atividade? Com os grupos formados, seguiram-se os próximos passos: 5. Avaliando sucessos e insucessos • Leitura individual dos conteúdos dos Diários de Bordo Discentes (os alunos foram orientados a destacar o que consideravam mais significativo); • Produção individual de uma lista organizada em 2 blocos, a partir das seguintes questões norteadoras: “Eu felicito..., Eu critico...” (TOGNETTA e VINHA, 2007, p. 73); • Discussão nos grupos sobre os conteúdos das listas para formação de uma lista única do grupo com 5 questões, formada a partir do consenso entre os participantes; DINÂMICA 2: implementação da assembleia. Justificando: Esta dinâmica pauta-se na importância de levar os alunos a compreenderem o funcionamento das Assembleias de classe e sua eficácia no contexto educacional, além de promover um momento de levantamento prévio dos conhecimentos discentes em relação ao gênero. Ações: 1. Antes da implementação da assembleia de classe (Atividade coletiva com a turma disposta em semicírculo) • Para que os alunos refletissem a importância de fazermos uma Assembleia de Classe, iniciei com a seguinte discussão: » Quais foram os avanços de nossa turma ao longo deste ano? » Ainda há problemas nessa turma? » Quem terá que resolvê-los? » Como podemos fazer isso? Vocês teriam alguma sugestão? » Acham que podemos fazer isso no meio da aula? Ou seria melhor ter um momento específico para isso? • Após a discussão, formação de 3 grupos com 7 participantes cada (deixei que os alunos formassem os grupos), com os grupos formados: • Solicitei aos alunos que pesquisassem em casa e trouxessem anotado as seguintes questões: » O que é uma Assembleia? » Qual a sua importância? » O que seria, então, uma Assembleia de Classe? » Qual a sua organização? • Socialização com a turma das pesquisas realizadas pelo representante do grupo; • Discussão sobre as questões pesquisadas; 2. Eleição dos temas da Assembleia (atividade individual com a turma disposta em fila) • Eleição de 5 temas para serem pauta da Assembleia. Os temas foram eleitos a partir da reincidência dos conteúdos das listas formadas pelos grupos na avaliação dos sucessos e insucessos da trajetória de todo o projeto pautados nos conteúdos dos Diários de Bordo Discente, norteados pelas questões “Eu felicito...” e “Eu critico...”. Atividade realizada na ação 5 da Dinâmica 1; 34 • Organização da pauta. Temas da pauta da Assembleia de Classe: 1. Eu felicito... O momento da poesia; 2. Eu felicito... A cooperação que passou a existir, principalmente após a viagem ao Centro de Ciências; 3. Eu felicito... A aprendizagem proporcionada pela visita ao Centro de Ciências e a importância de ter conhecido a Universidade Federal de Juiz de Fora; 4. Eu felicito... Não ter mais acontecido briga na sala de aula; 5. Eu critico... As pessoas desinteressadas que não participaram das atividades e não colaboraram com o grupo. • Eleição de 2 monitores (1 para coordenar o processo e 1 para registrar os acontecimentos e elaborar a ata); • Retomada das regras já pactuadas (Assistência de Palestra, Sarau; cf Projeto 1, Dinâmica 2, ação 4 e Dinâmica 3, ação 1) e acréscimo de outras necessárias para realização da assembleia: (1) Não citar nomes de colegas, apenas as situações a serem discutidas; (2) Cronometrar e respeitar o tempo das falas. • Redação das regras; Pacto de cooperação estabelecido: 1. Fazer silêncio; 2. Prestar o máximo de atenção; 3. Levantar o dedo antes de falar e aguardar a vez; 4. Participar com seriedade; 5. Fazer tudo com seriedade e responsabilidade; 6. Não citar nomes de colegas, apenas as situações a serem discutidas; 7. Cronometrar e respeitar o tempo das falas. • Avaliação da atividade e das condutas protagonistas e cooperativas da turma. DINÂMICA 3: A assembleia. Justificando: Esta dinâmica se deu a partir da necessidade de avaliarmos nosso percurso durante a aplicação deste projeto interventivo e de consolidar a importância da incorporação de práticas dialógicas para a resolução de conflitos e tomadas de decisões visando ao bem coletivo. Ao longo deste projeto tínhamos como metas, através do ensino de Língua Portuguesa, construir um Ambiente propício a aprendizagem e promover a condição de participação eficiente e consciente de meus alunos nas práticas sociais de linguagem dentro e fora da escola. Para tal fez-se necessário a implementação de práticas voltadas para a construção de valores éticos essenciais ao desenvolvimento moral e à convivência coletiva. Assim sendo, a escolha pelo gênero oral assembleia de classe veio corroborar com a consolidação de nossas metas, pois segundo Tognetta e Vinha (2007, p. 60), “as assembleias traduzem-se como possibilidade de evolução moral dos sujeitos que delas participam. E é justamente esse o grande objetivo da escola: formar sujeitos autônomos.” Ações: 1. Realização da assembleia (atividade coletiva com a turma disposta em semicírculo) • Leitura da pauta e das regras eleitas pelo monitor responsável pela coordenação da assembleia; • No quadro a professora escreveu as questões norteadoras das discussões da seguinte forma: Respeitando a ordem da disposição dos temas da pauta, as questões serão colocadas em diálogo da seguinte maneira: Após a leitura dos temas eleitos, vocês deverão discuti-los refletindo a partir das seguintes questões: • Por quê? O que melhoramos? O que aprendemos? Há alguma coisa que precisamos melhorar ainda? • (Exemplo: Eu felicito o momento da poesia. Por quê? O que melhoramos? O que aprendemos? Há alguma coisa que ainda precisamos melhorar?) Lembrem-se de que as Assembleias além de ser um momento de diálogo, de reflexão, de avaliação dos nossos sucessos e insucessos, é também um importante momento para propormos soluções, sugerir melhorias e apontar o que poderemos avançar. 35 • Terminadas as discussões, organizamos a ata, que foi lida pelo monitor e assinada por todos. Fotos da assembleia: 2. O Pacto para uma nova vida escolar (Atividade coletiva com a turma disposta em 3 grupos com 7 participantes) • Após as conclusões das discussões ocorridas na assembleia (ver ata da assembleia), foi proposto aos grupos a produção de um cartaz a partir da seguinte questão lançada pela professora: » Como deverão ser nossas condutas para que tenhamos êxito em nossa vida escolar? • Audição de duas canções - uma escolhida previamente pela professora e outra proposta por um aluno, que justificou a escolha dizendo que a letra da música reflete o que aprenderam este ano nas aulas de Língua Portuguesa; • Canção escolhida pela professora: Trem Bala, Ana Villela, disponível no youtube no link: https:// www.youtube.com/watch?v=SdPUAbdzeL8; • Canção escolhida pelo aluno: Tempo de Paz, Banda Maneva, disponível no youtube no link: https://www.youtube.com/watch?v=s0D-VMvibNo; • Avaliação das atividades e das condutas protagonistas e cooperativas. DINÂMICA 3: Culminância – “A poesia de cada dia” Justificativa: Esta dinâmica de encerramento do projeto e do ano letivo contou com a troca de experiências poéticas através de um intercâmbio com uma escola pública, o Colégio de Aplicação João XXIII da Universidade Federal de Juiz de Fora. Ao tomar conhecimento de um projeto de poesia Clique nas imagens para ampliá-las e baixá-las Clique nas imagens para ampliá-las e baixá-las 36 desenvolvido nas aulas de Língua Portuguesa nesse colégio pela professora Doutora Lucilene Hotz Bronzato (docente do PROFLETRAS), em que foi produzido um livro de Haicais com os alunos das turmas dos 9º anos do Ensino Fundamental II do Colégio de Aplicação João XXIII/UFJF, solicitamos a troca com nossos alunos dado o grande interesse destes pela poesia. A solicitação foi acolhida pela professora e pela direção do Colégio de Aplicação que patrocinou nova publicação dos livros para envio aos alunos da minha turma. Os alunos autores também se envolveram com a troca, escrevendo uma carta pessoal para cada aluno que recebeu o livro. Tal Rede proporcionou aprendizagens altamente significativa, pois oportunizou, além da troca humana respeitosa e fraterna, o contato com um gênero poético que era desconhecido pelos meus alunos e também o resgate do ato de escrever através de cartas. Assim, mais uma Rede de Cooperação se formou com resultados grandemente formativos, fortalecendo o Ambiente de Aprendizagem em construção. Objetivos: Esta experiência de troca buscou favorecer: • O desenvolvimento da habilidade de leitura e escrita, a partir de um contexto real, possibilitando situações de interlocução significativas entre diferentes comunidades escolares; • A troca de experiências entre alunos e professores de escolas e cidades diferentes; • Práticas de leitura, escrita e oralidade como efetivas interações; • A autoestima dos alunos; • A construção de novas relações pessoais. Ações: 1. Recebimento do kit individual com o livro e uma carta • Leitura das cartas; • Leitura e apreciação individual dos livros; • Discussão sobre ao poesias do livro. 2. Leitura do livro (turma disposta em semicírculo) • Cada aluno leu o Haicai escrito pelo remetente da carta que recebeu. 3. Discussão sobre as formas de retribuição Decisão da turma sobre o que mandariam em retribuição aos autores e aos responsáveis pela troca. • Retribuição aos autores: » Uma carta resposta individual; » Uma poesia que seria copiada por eles do Livro de Soneto, Vinicius de Moraes, eleito pela turma durante a pesquisa sobre vida e obra do poeta Vinicius de Moraes (cf Projeto 1, Dinâmica 1, ação 6); » Uma lembrança: alguns sugeriram bombons, mas a maioria decidiu que deveria ser algo relacionado à escola, à escrita. Escolha feita: uma caderneta de apontamentos; • Retribuição à professora do Colégio João XXIII e à orientadora deste projeto Uma carta coletiva construída por: • Escrita individual em casa; • Escolha da melhor carta; • Leitura da carta para apreciação final da turma. As trocas tiveram novos rumos resultando, para além da sala de aula, em iniciativas pessoais envolvendo alunos de ambas as escolas, como utilização do Facebook para se conhecerem virtuamente e criação de um grupo no whatsapp. 37 Fotos dos kits: O Quadro 3, a seguir, traz os indicadores dos avanços e dificuldades percebidos durante a aplicação do Projeto 3, assim como apontamentos finais desta intervenção: AVANÇOS: » Entendimento da importância do comprometimento e envolvimento da turma nas atividades para o processo ensino-aprendizagem; » Aprimoramento da capacidade de solucionar problemas; » Entendimento da necessidade de regulação das práticas de oralidade e de adequação linguística ao evento; » Melhora nas práticas de escrita e leitura; » Aumento significativo das práticas cooperativas; » Consolidação da importância do respeito entre os pares e com o professor; » Desenvolvimento da argumentação lógica para expressar pontos de vista; » Aprimoramento de capacidades morais e de atitudes de valores; » Ausência de episódios de agressividade entre os pares; » Avanço significativo da capacidade de reflexão em relação às atividades e condutas individual e coletiva. DIFICULDADES: » Dois alunos ainda se mostraram desinteressados em participar das atividades; » Há alunos que ainda não conseguem compreender a dinâmica de um diálogo - respeitar o turno de fala do colega e da professora. Clique nas imagens para ampliá-las e baixá-las 1 - Recebimento dos Kits 2 - Leitura dos Haicais 3 - Organizando a retribuição aos autores 38 APONTAMENTOS DIAGNÓSTICOS: Novamente tivemos êxito com este projeto 3! As atividades foram realizadas com muito comprometimento e interesse, o grupo permaneceu coeso e preocupado em manter a cooperação entre eles. A assembleia de classe foi uma ação muito importante que, além de ter proporcionado atitudes PROTAGONISTAS, desenvolvido a capacidade de argumentação, a escuta ativa, mostrou também a seriedade que tiveram durante as discussões e reflexões. Os alunos chegaram a proposições para a vida escolar futura, o que revela o efetivo engajamento dos mesmos com a ressignificação do seu Ambiente de Aprendizagem. A troca de experiências com os alunos do Colégio de Aplicação João XXIII trouxe um maior entendimento da importância da adequação do uso da língua à situação comunicativa, tornando-os mais preocupados com a escrita e também houve admirável aumento da autoestima. As cartas, os livros, o carinho fizeram com que se sentissem valorizados. Além disso, houve um encantamento pelas poesias Hacais e por terem conhecido (virtualmente) os alunos que produziram o livro. Houve a consolidação do respeito mútuo (entre discente-discente e entre estes e o docente) que eu tanto almejava. APONTAMENTOS FINAIS: Embora não tenha sido uma jornada fácil, este projeto interventivo obteve um êxito maior do que o esperado, a mudança das atitudes, a melhora das práticas cooperativas, o aumento das ações protagonistas avançaram gradativamente e não houve recuo. A poesia transformou meus alunos em leitores, pois não liam com nenhuma obrigação, liam por prazer; não era imposta nenhuma atividade após os momentos de leitura das poesias. Mostram-se hoje mais responsáveis, comprometidos e valorizam mais a si e ao próximo, o que não existia antes. Demonstram carinho e respeito pelos colegas e pela professora, agora vista como uma parceira da construção da aprendizagem. As mudanças refletiram no desempenho dos alunos também nas outras disciplinas; a turma que foi tão criticada no conselho da 1º bimestre, no do 3º bimestre, recebeu elogios da unanimidade dos professores. Este impacto do projeto para além da minha aula de Língua Portuguesa, foi um ganho altamente significativo. Não conseguimos, como era nossa meta, atingir TODOS os alunos. Poucos, muitos poucos, ficaram para trás, apesar do esforço coletivo para inseri-los em nossa Rede de Cooperação. Ao fim, um resultado fundamental para a professora-pesquisadora - a minha efetiva autonomia profissional conquistada pela minha pela disposição AUTORAL ante a minha prática educativa. Quadro 3: Indicadores do Ambiente de Aprendizagem III 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AQUINO, Julio Groppa. A violência escolar e a crise da autoridade docente. Cadernos Cedes, ano XIX, nº 47, 1998. __________. (org). Autoridade e autonomia na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1999. ARAÚJO, Ulisses F. Autogestão na sala de aula: as assembleias de classe. São Paulo: Summus Editorial, 2015. AVERBUCK, Ligia Morrone. A poesia e a escola. In ZILBERMAN, Regina. Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. 10ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998. BORGATTO, Ana Maria Trinconi; BERTIN, Terezinha Costa Hashimoto; MARCHEZI, Vera Lúcia de Carvalho. Português: projeto teláris, 8. ano.1. ed. São Paulo: Ática, 2015. BRASIL, Maria Margarete Salvate. 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