https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/18900
File | Description | Size | Format | |
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marinaaparecidasadalbuquerquedecarvalho.pdf | PDF/A | 5.54 MB | Adobe PDF | View/Open |
Type: | Tese |
Title: | A checagem de fatos no Brasil: uma abordagem semiótica |
Author: | Carvalho, Marina Aparecida Sad Albuquerque de |
First Advisor: | Vieira, Soraya Maria Ferreira |
Referee Member: | Counho, Iluska Maria da Silva |
Referee Member: | Cardoso, Tarcísio |
Referee Member: | Almas, Almir |
Referee Member: | Fanaya, Patrícia Fonseca |
Resumo: | A tese objetiva responder se o confronto entre desinformação e verificação de fatos, durante a Pandemia de COVID-19, possibilitou um aperfeiçoamento consistente da capacidade crítica dos jornalistas checadores de fatos. A base teórica é o pragmaticismo de Charles Sanders Peirce, para quem, por meio da semiose, pode ocorrer a evolução de interpretantes lógicos e, consequentemente, do pensamento, por meio do método científico. A hipótese é de que, nos processos interpretativos relativos aos confrontos entre desinformação e checagem ocorrem limitações que impedem o aperfeiçoamento consistente na capacidade crítica dos profissionais verificadores. Essa hipótese foi subdivida em outras três, de acordo com as categorias da Faneroscopia de Peirce. Na primeira, supomos que a falta de transparência sobre a origem da desinformação, se robótica ou humana, impacta a verificação, dificultando o processo perceptivo dos jornalistas em relação à própria constituição qualitativa das notícias. Na segunda, suspeitamos que o confronto entre a insistência dos fatos em serem representados e o “empacotamento” de notícias pelo jornalismo, articulado aos interesses comerciais e políticos das empresas de verificação, gera conflitos nos processos interpretativos dos jornalistas sobre a relação entre fatos e notícias. Por último, pressupomos que a influência da robótica e das condições de trabalho limitam uma possível ampliação das capacidades críticas. Para o teste empírico, realizamos análises de 20 conteúdos produzidos pelas agências Aos Fatos e Lupa, fazemos uso da analítica de Peirce e entrevistamos oito jornalistas envolvidos nessas produções. Verificamos que, apesar de as checagens não abordarem uma possível participação de bots, os jornalistas acolhem a sensação desencadeada pelos qualissignos de atuação robótica que chega ao julgamento perceptivo e pode, portanto, ser ponto de partida para posteriores reportagens mais profundas, que vão ampliar a compreensão sobre o fenômeno da desinformação. Também observamos que os jornalistas tentam fazer predominar os sinsignos indicais dicentes para apresentar mais certeza do que dúvida e, por meio da experiência colateral, promoverem uma aproximação do objeto dinâmico. Isso indica, ainda, uma preocupação ética em conscientizar os leitores sobre os processos de desinformação existentes. O conteúdo é atrelado a um padrão de escrita jornalística e de patrocínio por meio das empresas do Vale do Silício, e os entrevistados confirmam que utilizam critérios jornalísticos para selecionar o que será checado e a forma de redação do conteúdo. Contudo, dizem que a parceria com a Meta não influencia nos conteúdos checados nem na maneira como isso será feito, apenas fornece uma plataforma em que são encontrados os processos de desinformação. Afirmam, também, que são utilizadas outras ferramentas para isso. Por fim, as entrevistas apontam que há um movimento cotidiano de autocrítica e heterocrítica entre os jornalistas verificadores e que, apesar de não serem organizados momentos específicos para esse fim, como seminários de avaliação, as reflexões diárias permitem pensar e colocar em prática novas formas de apuração e apresentação de conteúdos. |
Abstract: | This thesis aims to determine whether the confrontation between misinformation and fact-checking during the Covid-19 pandemic has led to a consistent improvement in the critical skills of fact-checking journalists. The theoretical framework is based on Charles Sanders Peirce’s pragmatism, which posits that through semiosis, the evolution of logical interpretants—and consequently, of thought—can occur via the scientific method. The central hypothesis is that, in the interpretative processes surrounding the confrontations between misinformation and fact-checking, certain limitations arise that hinder the consistent improvement of the critical capacity of professional fact-checkers. This hypothesis is further divided into three subhypotheses, aligned with Peirce’s categories of phaneroscopy. First, we propose that the lack of transparency regarding the origin of misinformation—whether robotic or human—impacts the verification process, hindering journalists' perceptual understanding of the qualitative constitution of the news. Second, we suggest that the tension between the insistence on accurately depicting facts and the "packaging" of news by journalism, coupled with the commercial and political interests of factchecking networks, creates conflicts in journalists' interpretative processes regarding the relationship between facts and news. Finally, we hypothesize that robotic influence and working conditions limit the potential expansion of critical skills. To empirically test these hypotheses, we analyzed 20 pieces of content produced by the fact-checking agencies Aos Fatos and Lupa, using Peirce’s analytical framework, and conducted interviews with eight journalists involved in these productions. Our findings indicate that, although the fact-checks do not explicitly address the use of bots, journalists acknowledge the influence of qualisigns associated with robotic operations on their perceptual judgment. These qualisigns could serve as a starting point for deeper investigations, potentially expanding the understanding of the misinformation phenomenon. Additionally, we observed that journalists prioritize dicent indexical sinsigns to convey certainty rather than doubt, and through collateral experience, they strive to approach the dynamic object. This reflects an ethical concern for raising readers' awareness of existing misinformation processes. The content adheres to a journalistic writing style that applies standard journalistic criteria and is sponsored by Silicon Valley companies. The interviewed professionals confirmed that they use these journalistic criteria to select which content to fact-check and how to phrase their findings. However, they asserted that their association with Meta does not influence the content they choose to verify or the manner in which they conduct their factchecking; rather, Meta provides a platform where misinformation processes can be identified. They also noted that other tools are used for this purpose. Finally, the interviews revealed that there is a continuous practice of self-criticism and peer critique among the journalists, and although there are no formal evaluation seminars, daily reflections enable them to refine their verification methods and content presentation practices. |
Keywords: | Pragmaticismo Desinformação Checagem de fatos Mudança de hábito Pragmatism Misinformation Fact-checking Habit changing |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::COMUNICACAO |
Language: | por |
Country: | Brasil |
Publisher: | Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) |
Institution Initials: | UFJF |
Department: | Faculdade de Comunicação Social |
Program: | Programa de Pós-graduação em Comunicação |
Access Type: | Acesso Aberto Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil |
Creative Commons License: | http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ |
URI: | https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/18900 |
Issue Date: | 20-Mar-2025 |
Appears in Collections: | Doutorado em Comunicação (Teses) |
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