https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16898
Fichero | Descripción | Tamaño | Formato | |
---|---|---|---|---|
fernandasalvo.pdf | 281.87 kB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Clase: | Artigo de Evento |
Título : | Semiótica da cultura e indagações sobre memória coletiva na era da inteligência artificial |
Autor(es): | Salvo, Fernanda |
Organizador: | Braida, Frederico Nojima, Vera Lúcia Coutinho, Taís de Souza Alves Campos, Fernanda de Façanha e Ferreira, Isabela de Mattos |
Resumo: | Se o real é hoje tema recorrente nas reflexões críticas da cultura, é porque vivemos num mundo onde a mídia não cessa de nos oferecer imagens, designando-as como reais. Nesse cenário, fortemente dominado pela cultura visual, estabeleceu-se uma cruzada contra o artifício. As correntes teóricas contemporâneas tendem a considerar que a função da imagem já não é imitar, mas substituir o próprio mundo real (FIGUEIREDO, 2008). Consequentemente, a ficção foi colocada sob suspeita. Sendo assim, nos perguntamos como encarar as questões provocadas pelas imagens criadas via plataformas de inteligência artificial, que embora sendo falsas, são consideradas mais reais que o real. Partindo dessa problemática inicial, buscaremos retomar, metodologicamente, as prerrogativas da Semiótica da Cultura, que a partir dos anos 1960 se desenvolveu no eixo da Escola de Tartú-Moscou. Conhecida também como semiótica sistêmica, essa corrente teórica se concentrou em estudar as mediações ocorridas entre fenômenos diversificados ou sistemas distintos de signos no interior da cultura, afim de identificar os processos de transmissão de informações, geradores da memória coletiva. Segundo tal perspectiva, do encontro e hibridização de sistemas presentes na cultura nasceriam, via mecanismos de tradução, novos códigos culturais que funcionariam como programa para desenvolvimentos posteriores. “Nesse caso, os códigos culturais são fontes de gestação da memória não- -hereditária, tal como entendeu Lótman, que se encarrega de formatar os sistemas semióticos da cultura” (MACHADO, 2003, p. 30). Para melhor compreensão dessa perspectiva, é fundamenta destacar a noção de cultura adotada pela Escola de Tartú-Moscou, conforme elucida Irene Machado: Cultura significa o processamento de informação e, consequentemente, organização em algum sistema de signos, ou de códigos culturais. Nesse sentido, a semiótica da cultura trabalha com um intervalo: a transformação da não-cultura em cultura. O que está na pauta de estudo é uma dinâmica transformadora (MACHADO, 2003, p. 33). Desse modo, somente se pode falar em cultura como um campo de manifestações interligadas que, articuladas, constroem o texto da cultura, fortemente ligado à noção de memória. Entretanto, Irene Machado sublinha: “Antes de entrar na discussão da cultura como texto é preciso estabelecer as bases da cultura como informação, onde o elemento chave é a memória – a memória não-hereditária que garante o mecanismo de transmissão e conservação” (MACHADO, 2003, p. 38). Com efeito, pode-se supor que a cultura pressupõe sistemas de signos modulados por formas de organização que configuram comportamentos adversos daqueles considerados naturais e que passarão a ser “culturalizados”. Não por acaso, a pesquisa semiótica da Escola de Tartú-Moscou teve como intuito compreender os sistemas da cultura como linguagem e os sistemas de signos como transmissores de informação. “Trata-se de uma abordagem em que todo e qualquer sistema da cultura jamais poderá ser entendido como um sistema isolado e rigorosamente acabado. Por conseguinte, um texto da cultura só pode existir como uma organização solidária de outros textos” (MACHADO, 2003, p. 51). No interior da cultura, portanto, “as semioses transformam a informação em texto e este em estrutura pensante, em memória” (MACHADO, 2003, p. 53). A partir de tais contribuições, buscaremos considerar o modo como plataformas de inteligência artificial têm introduzido na esfera midiática imagens falsas, mas absurdamente realistas, que circulam com rapidez alucinante pelas redes. Estamos nos referindo, por exemplo, às imagens do Papa Francisco trajando um casaco branco de inverno, geradas pela plataforma de inteligência artificial Midjourney. Tais imagens, falsas, não foram realizadas por um humano. De qualquer modo, elas foram apropriadas por públicos distintos ao redor do mundo e tornaram-se memes nas diversas mídias, integrando as muitas conversações sociais naquele momento de sua realização. Partindo do pressuposto de que o fenômeno da criação de imagens pela inteligência artificial esfumaça as fronteiras entre a realidade e a ficção, o que nos interessa é indagar de que modo tais sistemas de signos (as imagens artificialmente criadas) encontram e se confrontam com outros sistemas de signos presentes na cultura contemporânea, interferindo na criação da informação e dos textos da cultura, pensandos como propulsores da memória coletiva — conforme apregoaram os estudiosos ligados à Semiótica da Cultura. |
Resumen : | - |
Palabras clave : | Semiótica da cultura Memória Inteligência artificial |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::COMUNICACAO |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editorial : | Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) |
Sigla de la Instituición: | UFJF |
Clase de Acesso: | Acesso Aberto |
Licenças Creative Commons: | http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/br/ |
URI : | https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16898 |
Fecha de publicación : | 23-oct-2023 |
Aparece en las colecciones: | 4º Encontro de Semiótica do Projeto |
Este ítem está sujeto a una licencia Creative Commons Licencia Creative Commons